Por causa da proposta do Governo de agravamento das condições de aposentação, ainda em debate no Parlamento, e do já concretizado congelamento das mudanças de escalão (sem negociação), mas, sobretudo - no que exclusivamente aos professores diz respeito - devido às medidas da Ministra da Educação, que, sem terem sido negociadas com os sindicatos, vieram agravar a situação profissional dos educadores e dos professores dos ensinos básico e secundário, a FENPROF e o SINDEP decidiram convocar conjuntamente uma greve e uma manifestação, para a próxima sexta-feira, dia 18/11.
Esta forma de luta destina-se a permitir a expressão do descontentamento dos professores e a procurar, através dela, que o ME inflicta a sua política de imposição de factos consumados e aceite a via da negociação para procurar atingir objectivos (que em grande medida coincidem com preocupações sindicais há muito expressas), admitindo nesse processo a cooperação activa dos principais actores do processo educativo: os professores.
No quadro desta actuação do Governo, os docentes do ensino superior não podiam colocar-se à margem da luta, como se nada fosse com eles. Na realidade, para além das razões de descontentamento comuns a todos os sectores da Administração Pública, os docentes do ensino superior encontram-se perante o adiamento constante da negociação de matérias tão importantes como o necessário aumento da estabilidade de emprego; o indispensável reconhecimento do direito a uma carreira e a oportunidades de promoção; as imprescindíveis qualidades de transparência, justiça e equidade quanto a processos de avaliação da actividade dos docentes, com os correspondentes incentivos à melhoria do desempenho nas várias vertentes desse trabalho (científica, pedagógica, de gestão e de ligação à sociedade).
Acresce que não se conhece nenhuma política de Ensino Superior que, face ao decréscimo de candidatos à formação inicial, viabilize as instituições e rentabilize o seu papel ao serviço do desenvolvimento nacional.