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Até 1 de Abril

Centro Cultural de Belém homenageia as artes e a cultura da Turquia

02 de março, 2010

Foi a Bizâncio dos gregos, Constantinopla dos romanos antes de ser Istambul dos muçulmanos. Capital de impérios mortos, porta de passagem entre o Ocidente e o Oriente, cidade fervilhante entre o mar Negro e o mar de Marmara, entre uma cultura fortemente tradicional e uma modernidade fulgurante.

No âmbito do evento Os Escritores e as Cidades, o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, escolheu a cidade turca que este ano é a Capital Europeia da Cultura e a obra do escritor e Prémio Nobel da Literatura Orhan Pamuk, para desenhar o festival Pontes para Istambul, que  se estende até 1 de Abril.

"É um festival que pretende mostrar Istambul como uma urbe em plena mutação, onde mais de dez milhões de pessoas vivem e trabalham, com uma arquitectura onde o antigo e o histórico é quotidianamente rasgado por construções anárquicas, asfalto, auto--estradas", explica a arquitecta Margarida Veiga, da administração do CCB.

Mais do que mostrar a cidade no seu exotismo, a escolha de Orhan Pamuk, do poeta Nâzin Hikmet e do fotógrafo Ara Güler pretende precisamente "mostrar todas as tensões que atravessam a cidade e a Turquia, desde as religiosas às políticas, das sociais às culturais", esclarece também Margarida Veiga.

Foi com o objectivo de mostrar o passado e o presente de Istambul que foi escolhida a obra fotográfica de Ara Güler , fotógrafo turco cujas imagens inspiraram os livros de Pamuk. Ambos fascinados pela sua própria cidade, ambos partilhando a mesma melancolia por um tempo que se perdeu.

"Istambul Perdida" é uma colecção de 40 trabalhos do fotógrafo que durante anos fez parte da agência Magnun.

A mostra, comissariada pela italiana Laura Serani, junta trabalhos realizados por Güler nos anos 50 e 60, nos quais pode ver-se uma Istambul feita de um incessante movimento humano, de cais e de estradas. "São imagens muito fortes carregadas de ecos poéticos que condensam o cruzamento da tradição e da modernidade e têm vários níveis de leitura", explicou a ao DN Laura Serani.

São exibidas também uma série de videoinstalações de jovens artistas turcos que, segundo Margarida Veiga, "foram escolhidos porque os seus trabalhos retratam questões fracturantes na sociedade turca, como a identidade feminina, as mudanças no espaço familiar, as tensões entre a modernidade e a tradição".

O cinema, a música, a dança e a literatura completam o festival que quer dar a ver a panóplia artística da Turquia, conclui Veiga. / DN