Os terrenos que rodeiam o Serviço Educativo, situado nas antigas instalações da Fábrica de Tabaco Âncora, nas traseiras do Museu de Angra, começam a mudar de aspecto, ganhando pequenos apontamentos de cor à medida que se acrescenta mais uma cultura à horta, mais uma bordadura aos canteiros, mais um plantio aos alhões.
Os meninos mondam ervas, recolhem pedras, plantam flores e produtos hortícolas. E entre o mondar, o cavar, o plantio e a rega, há tempo para contar histórias, ficar a saber a diferença entre sementes e bolbos, apreciar o cheiro das ervas aromáticas, conhecer a utilidade das diversas ferramentas e, sobretudo, reconhecer que há que dar tempo ao tempo para os rebentos se fortalecerem, os bolbos despontarem e as flores, finalmente, aparecerem.
E depois de uma manhã à volta da terra, manuseando baldes, sacholas, ancinhos e regadores, quando vem a fome e se está cansado, aprende-se também que fazer com que do chão surjam as alfaces da salada, as cenouras da sopa e o trigo do pão exige trabalho, esforço e sabedoria. Através de gestos tão simples como o de aconchegar o pé de tomateiro que se plantou na semana anterior e que começa a crescer, os meninos têm acesso a uma parte da memória da sua gente, que é gente da terra, e de que eles, enquanto meninos da cidade, estão, na sua maioria, desligados.
O projecto irá manter-se ao longo de todo o ano, prevendo-se visitas semanais de quatro grupos de crianças, que assim irão acompanhar o desenvolvimento das plantas e zelar pelo seu crescimento. Quer o Serviço Desenvolvimento Agrário, quer o Jardim Municipal de Angra do Heroísmo apoiam a iniciativa, fornecendo apoio logístico e orientações técnicas e facultando plantios e sementes.
No sítio do Museu de Angra do Heroísmo, foi criada uma nova entrada, o Museu Verde, na rubrica Museu Educativo. Consultando-a, o visitante virtual poderá acompanhar os progressos da horta e deixar-se encantar pela determinação e empenho dos pequenos jardineiros.