Nacional
Terceiro dia de concentrações

Protesto à porta do ME reafirma exigência de suspensão de um modelo sem futuro

27 de novembro, 2008

Os educadores e professores portugueses estão unidos e firmes na luta pela suspensão do modelo de avaliação que o ME quer impor nas escolas. Mas ou menos recauchutado, esse modelo é um factor de instabilidade.
Foi com este espírito que cerca de cinco milhares de docentes estiveram, ao início da noite de quinta-feira, 27 de Novembro, à porta do Ministério da Educação, na Av. 5 de Outubro em Lisboa, no terceiro dia consecutivo de concentrações distritais aprovadas na histórica manifestação nacional de 8 de Novembro (em Setúbal cerca de 2500, Santarém 2000 e Caldas da Rainha 1000) . Os lenços brancos marcaram presença saliente, especialmente à porta do ME...

Mário Nogueira realçou esta inequívoca afirmação de unidade e luta dos docentes, bem patente na impressionante participação nas concentrações até agora realizadas no Norte e Centro (55 000 docentes envolvidos), lembrando, ao mesmo tempo, o número crescente de escolas e agrupamentos de escola que já suspenderam o burocrático modelo do ME (mais de 350, até ao momento da concentração).

O secretário-geral da FENPROF e porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores garantiu que, caso o Ministério da Educação mantenha a sua teimosia e intransigência - recorde-se que esta sexta-feira, dia 28, os Sindicatos voltam ao ME - o País assistirá no próximo dia 3 de Dezembro a uma greve sem paralelo que fechará todas as escolas.

Setúbal (também com a presença de Mário Nogueira), Santarém e Caldas da Rainha foram outras localidades da Grande Lisboa e Vale do Tejo com concentrações (21h00) nesta noite de 27 de Novembro./ JPO


"Deixem-nos ser professores!"
DN, 28/11/2008

Cerca de cinco mil professores voltaram ontem (27/11/2008) à rua para se manifestarem contra o modelo de avaliação dos docentes. Não é único motivo de luta, mas é aquele que mais unanimidade causa entre os manifestantes. "Queremos um modelo que incida na parte pedagógica e não na parte burocrática", esclareceu Sílvia Ribeiro, professora da Escola Secundária António Sérgio, no Cacém.

Cartazes com frases de indignação e bandeiras sindicais tornavam mais notório o movimento de professores, que, em frente ao Ministério da Educação, apelavam: "Deixem-nos ser professores."Isabel Neves, docente da Escola Parque Silva Porto, salientou que a sua luta assenta no prazer que tem em ser professora.

"(...) Todo o meu tempo está ocupado com o processo burocrático da avaliação, sinto que a relação com os meus alunos está a ser afectada", afirmou a docente, acrescentando que as "supostas cedências da ministra nada mudaram na prática".

Um grupo de docentes do 1.º ciclo da Escola EB1/JI Monte Abraão salienta que esteve presente em todos os protestos deste ano e que pretende fazer greve no próximo dia 3 de Dezembro. "Vamos lutar até ao fim", afirmavam entre cânticos adaptados à luta contra o Ministério da Educação.

Vários dirigentes sindicais da região de Lisboa subiram ao palco para, entre bandeiras ao alto e gritos de apoio, confirmarem a sua luta contra as medidas tomadas na educação.Antes de Mário Nogueira subir ao palco, foi pedido um minuto de silêncio "pelo estado a que chegou a educação". (...)


Sindicatos acusam Governo de pressionar processos
de simplificação nas escolas
27.11.2008 - 20h59 Lusa

Os sindicatos de professores acusaram (27/11/2008) o Governo de pressionar os conselhos executivos para iniciar imediatamente os procedimentos de simplificação do modelo de avaliação de desempenho, apesar da sua negociação estar prevista só para sexta-feira.

"O Ministério da Educação está a impor, antes do início da negociação, os procedimentos de um decreto que ainda não existe", afirmou o porta-voz da Plataforma Sindical da Educação, Mário Nogueira, que falava aos jornalistas em Lisboa, durante uma manifestação de professores contra o processo de avaliação.

Ao terceiro dia de manifestações, depois de os professores sairem para a rua nas capitais de distrito do Norte e Centro (que segundo os sindicatos juntaram mais de 55 mil professores), os protestos prosseguem hoje em Lisboa, Santarém, Setúbal e Caldas da Rainha.

Segundo os sindicatos, 5000 professores estão a manifestar-se em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, para exigir a suspensão do processo de avaliação. "Milu preenche as fichas tu" e "Um, dois, três, já cá estamos outra vez, se isto não resultar haveremos de voltar" são algumas das palavras de ordem usadas pelos manifestantes. A Polícia de Segurança Pública (PSP) não adiantou nenhuma estimativa do número de manifestantes.

"Só a suspensão do actual modelo de avaliação pode desbloquear a situação de profundo conflito do Ministério da Educação com os professores", sublinhou Mário Nogueira, que é também secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (FENPROF).

Segundo os sindicatos e a título de exemplo, o Agrupamento de Escolas de Seia, está já a perguntar aos professores se desejam ser avaliados por um docente do seu grupo de recrutamento, se desejam ser avaliados pelo coordenador do seu departamento - portanto, se desejam ser avaliados na componente cientifico-pedagógica - e se o professor deseja ser observado em três aulas.

Mário Nogueira afirma que as Direcções Regionais de Educação estão há cerca de três dias a reunir-se com conselhos executivos e a dizer-lhes que têm de avançar com procedimentos "que nem sequer começaram a ser negociados". Por isso, defende que a negociação do Ministério da Educação "não existe, é um simulacro e uma farsa".

O Governo e os sindicatos de professores reúnem sexta-feira para discutir o processo de avaliação de desempenho. A tutela quer negociar as medidas de simplificação apresentadas na semana passada, mas os professores dizem que em cima da mesa está apenas a suspensão do modelo.

Se esta suspensão não tiver lugar, as acções de luta que estão agendadas para o próximo mês de Dezembro vão, segundo os sindicatos, acontecer. A 3 de Dezembro haverá uma greve nacional, de 09 a 12 haverá mais greves regionais, dia 04 e 05 está marcada uma vigília de 48 horas à porta do ministério, e uma greve na semana das reuniões de lançamento das notas dos alunos - a partir de dia 15.


Sindicatos querem revisão do Estatuto da Carreira Docente
28.11.2008 - 10h45 Lusa

O porta-voz da Plataforma Sindical da Educação, Mário Nogueira, disse (27/11/2008), em Setúbal, que os sindicatos vão exigir a revisão do Estatuto da Carreira Docente e a suspensão do actual modelo de avaliação de desempenho.

"Os sindicatos vão exigir a revisão do estatuto da carreira docente porque é nesse quadro que tem de ser feita a alteração deste modelo de avaliação", disse Mário Nogueira.

De acordo com o dirigente sindical, que encerrou a concentração de professores na Praça do Bocage, em Setúbal, a simplificação do modelo proposto pela ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, não responde às reivindicações dos professores e mantém o sistema de quotas para o acesso ao topo de carreira.

"O grande problema é que se trata de uma simplificação para este ano e, em segundo lugar, é uma simplificação que não retira o que é essencial e que se reflecte na avaliação", disse Mário Nogueira, referindo o que considerou serem alguns dos principais aspectos negativos do actual modelo de avaliação dos professores.

"Em primeiro lugar, a divisão dos professores em categorias, o que é de todo inaceitável, e, em segundo lugar, o mérito dos professores não ter a ver com o mérito do seu desempenho, mas com a capacidade, ou a possibilidade de entrarem numa quota que já está definida", disse.

Mário Nogueira reafirmou ainda que, na reunião agendada para esta sexta-feira, os sindicatos só aceitam negociar com o Ministério da Educação a partir do momento em que for suspenso o actual modelo de avaliação.

Durante a concentração na Praça do Bocage, em Setúbal, os professores entoaram cânticos e palavras de ordem a exigir a suspensão imediata do modelo de avaliação de desempenho e a demissão da ministra da Educação.