A inflexibilidade e sobranceria da Ministra da Educação patente, de novo, na Grande Entrevista (RTP 1, 6/03/2008)) foram as mesmas de sempre:
- aos professores, tentou passar um atestado de menoridade, afirmando que estão desinformados sobre o regime de avaliação do desempenho e que são manipuláveis, daí a sua participação na Marcha;
- para a opinião pública, tentou passar, mais uma vez, a ideia de os docentes serem privilegiados dentro da Administração Pública com um regime de avaliação diferente e incomparavelmente melhor do que o SIADAP. Contradizendo-se, contudo, quando considerou desnecessário testar o modelo, pois o SIADAP já estava em desenvolvimento e servia de teste...
- quanto à capacidade de diálogo, indispensável neste momento tão crítico, foi esclarecedora a afirmação: "a mesma de sempre" ... ou seja, aquela que se conhece!
Não se tendo referido a outras matérias das que têm vindo a ser contestadas pelos docentes (horários de trabalho, fractura da carreira, prova de ingresso na profissão, gestão escolar, municipalização do ensino básico, alteração das regras da Educação Especial...) e ao revelar-se intransigente quanto à avaliação, a Senhora Ministra nada trouxe de novo ao debate e reforçou as razões para uma forte presença dos professores na Marcha da Indignação.
VISITAS DA PSP A ESCOLAS
SÃO NÓDOAS NO TECIDO DEMOCRÁTICO
Em pelo menos quatro localidades, a PSP esteve em escolas para saber quantos professores participariam na Marcha, missão que, sendo impossível de concretizar com a deslocação às escolas, faz supor a existência de outros motivos. De facto, só os Sindicatos sabem o número de participantes, o número de autocarros, os locais de saída e as horas de partida e chegada, pois não foi nas escolas que os professores se inscreveram e organizaram para a Marcha.
No que respeita à organização destas deslocações, já a FENPROF reunira na manhã de ontem, com a PSP, para articular todo o trabalho considerado necessário.
Assim, a atitude da PSP não pode ter outra leitura que não seja a de criar um clima de intimidação, passando pelas escolas. Não basta, por isso, conhecer através de inquérito, se houve ou não abusos nas visitas. A visita, em si, é já um abuso e as responsabilidades políticas não podem deixar de ser assumidas pelo Governo.
Contudo, não são atitudes destas que desmobilizam os professores pelo que, amanhã, dia 8 de Março, será um dia histórico para a Educação em Portugal que não irá deixar indiferente o poder político.
O Secretariado Nacional da FENPROF
7/03/2008