Nacional
"Mais do que nunca, estamos todos no mesmo barco..." (Almerindo Janela Afonso)

Vale a pena pensar nisto...

02 de fevereiro, 2008

"É justamente a questão da autonomia profissional que tem sido um dos alvos principais do cerceamento crescente que pesa sobre os professores e as escolas", sublinhou Almerindo Janela Afonso no Fórum de 30 de Janeiro.

O docente da Universidade do Minho afirmaria, noutra passagem, que "estamos a sofrer, também, as consequências das políticas erradas dos anos 80 (Governos de Cavaco Silva). "Os ventos do neoliberalismo fizeram-se sentir, entre outros aspectos, no plano do ensino superior, sendo evidente, neste caso, o aproveitamento pragmático da procura potencial crescente, existente na sociedade portuguesa naquela conjuntura", afirmou.

"Somando a este facto, a consequência, também ideológica, dos discursos da redução do papel do Estado e do apelo crescente à sociedade civil e ao mercado, deu-se o aparecimento (sem planificação e sem suficiente regulação) da oferta da iniciativa privada, nomeadamente através de cursos onde os investimentos em profissionais especializados e em infra-estruturas e recursos materiais previa um retorno lucrativo mais rápido. A oferta de cursos de formação de professores através da iniciativa privada veio, como seria previsível, a criar excedentários que, neste momento, significam uma grande frustração das famílias e dos jovens que procuraram estes cursos - não sendo, doravante, menos importantes os efeitos destes (oficialmente) excedentários na própria imagem social da profissão docente", declarou Janela Afonso, que observaria mais adiante:

"Se houvesse um compromisso sério com a qualidade (científica, pedagógica e democrática) da escola pública, estes professores poderiam ter lugar no sistema educativo mas, infelizmente, as políticas de redução do número destes profissionais parece ser mais importante. Gostava, no entretanto, de salientar que, neste como noutros aspectos das políticas educativas e socais, o desemprego não se resolve sem termos uma estratégia de desenvolvimento nacional". Afinal, "quais são as prioridades do País? A Europa Social é para levar a sério? É possível a coexistência entre coesão social e capitalismo?"

Realçando a pertinência da resolução deste Fórum, Janela Afonso valorizou a importância do trabalho dos sindicatos, da sindicalização e da luta e do protesto dos docentes porque "a hegemonia neoliberal e neoconservadora tenta apresentar a precariedade como uma "coisa natural".

"Mais do que nunca, estamos todos no mesmo barco: educadores de infância, professores dos 1º, 2º e 3º Ciclos, do secundário, da educação especial, do ensino profissional e do ensino superior", declarou o docente do Departamento de Sociologia da Educação e Administração Educacional da Universidade do Minho / JPO