Nacional
Feira do Desemprego Docente

Docentes desempregados: uma opção fatal para o País!

05 de julho, 2007

Insistimos: Portugal precisa do trabalho de mais professores e educadores! A conhecida caracterização de algumas das maiores dificuldades que o país enfrenta mostra que há muito, mesmo muito!, por fazer na área da Educação.

Muitos dos problemas estruturais graves de que padece têm algumas das suas raízes na perpetuação de insuficiências ao nível do sistema educativo.

Os níveis de insucesso e de abandono escolares permanecem como gritantes condicionamentos ao desenvolvimento social, económico e cultural. A recorrente constatação da falta de qualidade das aprendizagens promovidas nas escolas tem sido, quase sempre, apenas disfarçada com medidas populistas ou que mais não fazem do que promover um sucesso escolar meramente estatístico. O profundo atraso ao nível das qualificações académicas e profissionais da população activa é um dos factores que acorrenta Portugal a modelos de ?desenvolvimento? centrados em mãode-obra barata. As baixas qualificações dos próprios empresários, em média inferiores às dos trabalhadores, são um dos garrotes do desenvolvimento económico português.

Já em pleno século XXI, o analfabetismo mantém-se como uma chaga de pesadas consequências pessoais e sociais.

Portugal tem (por enquanto, já que, tratados como têm sido pelos governos, poderá não faltar muito para que a situação se inverta sem remédio!) milhares de profissionais altamente qualificados, decisivos, para ajudar a enfrentar de forma séria e eficiente aqueles constrangimentos.

Neste país, é incompreensível - escandaloso! - que dezenas de milhar de professores e educadores sejam empurrados para o desemprego, desperdiçados noutros trabalhos em que vão procurando sobreviver, forçados a situações de crescente precariedade. E o futuro do país comprometido à míngua do contributo que eles podiam dar?

O então primeiro-ministro Durão Barroso, comentava os números do desemprego docente com a boçalidade de que o seu governo não era agência de emprego...

Já com o actual governo, a ministra da Educação repetiu a ?graçola?, numa cabal demonstração de insensibilidade política e humana, face às verdadeiras necessidades do país. É esta continuidade das políticas, agravada a cada passo, que faz com que o desemprego e a precariedade se constituam no desnecessário e incompreensível drama que são entre os docentes.

Lurdes Rodrigues já anunciou que no próximo ano lectivo serão 5000 a 5500 docentes a mais no desemprego. Este parece ser um dos ?triunfos? da governação que Sócrates e Lurdes Rodrigues têm para apresentar ao país? Em contraposição, tardam os saltos qualitativos que, para serem verdadeiros e não demagógicos, terão de passar por inequívocos investimentos também nos recursos humanos na Educação.

Sem mais professores e educadores envolvidos na melhoria da Educação, a qualidade continuará a ser pouco mais do que um lugar comum da retórica política, uma meta abandonada em cada momento após a sua promessa.

Portugal precisa de outras políticas.

As que se exigem na área da Educação resultariam, também, em mais e melhor emprego para os professores e educadores.

No dia 6 de Julho, é isto que vai ser reavivado, perante a sociedade portuguesa, na ?FEIRA DO DESEMPREGO DOCENTE? que a FENPROF promove em Lisboa.

É que não podemos deixar de insistir: o desemprego docente não é mesmo uma fatalidade; está a ser é uma opção fatal para o País! / João Louceiro