Nacional

Carvalho da Silva em Lisboa: "Este 1º de Maio é um compromisso para o êxito da Greve Geral de 30 de Maio"

27 de junho, 2007

"Basta de precariedades, de flexiguranças, de desemprego, de desigualdades. A Greve Geral de 30 de Maio significará um protesto justo, um alerta e um aviso ao patronato e ao Governo e uma necessária e indispensável exigência de mudança de rumo. O País conta com o empenho da CGTP-IN para essa mudança de rumo. É preciso criar esperança e confiança no futuro!" (...)"Ou os trabalhadores e os portugueses se mobilizam ou as políticas de agressão aos seus direitos e interesses se aprofundarão".

São palavras de Manuel Carvalho da Silva na tribuna do 1º de Maio em Lisboa, marcado pela chuva e pelo mau tempo que, mesmo assim, não conseguiram desmobilizar as dezenas de milhar de participantes no desfile realizado à tarde, entre o Estádio 1º de Maio e a Cidade Universitária, onde não faltaram os bombos, os Zés-Pereiras, o colorido das bandeiras e, principalmente, uma grande afirmação popular na valorização do mundo do trabalho.
No conjunto, mais de 50 localidades do continente e regiões autónomas viveram este Dia Internacional do Trabalhador, através de múltiplas e variadas iniciativas (manifestações, comícios, sessões, convívios, festas, distribuição de documentos, concentrações, provas desportivas, acções culturais lembrando Zeca Afonso, entre outras) promovidas pela CGTP-IN. No Porto, as comemorações tiveram lugar na Pç. General Humberto Delgado e na Av. dos Aliados. Muitos educadores e professores associaram-se a estas jornadas, em todo o País.


Ataque brutal aos professores
e aos outros trabalhadores

"Este 1º de Maio é um compromisso para o êxito da Greve Geral de 30 de Maio", sublinhou Carvalho da Silva em Lisboa.
O
dirigente sindical , que realçou a importância da unidade e da mobilização na luta contra a precariedade laboral neste ano de 2007, alertou para "a irracionalidade das reformas deste Governo contra os professores", bem patente na forma como o ME impôs o seu ECD, apontando também alguns dos traços muito negativos da política com que o Executivo Sócrates ataca diariamente o conjunto dos trabalhadores da Administração Pública. A este propósito, o responsável da Central falou da "redução continuada dos salários reais", do "congelamento das progressões", da "lei da mobilidade e dos disponíveis", das alterações do estatuto da aposentação e dos "vínculos, carreiras e remunerações", visando "a destruição do estatuto público" do emprego e "a generalização do contrato individual de trabalho".

"O que se perspectiva com as receitas que estão a ser preparadas contra os trabalhadores - em torno da revisão do Código de Trabalho, da promoção do Livro Verde da UE sobre as Relações Laborais e, sobretudo, com a chamada flexigurança - consubstancia um brutal ataque aos trabalhadores, visando o despedimento totalmente liberalizado (sem justa causa), a desregulação do trabalho e o aumento dos horários laborais, a troco de uma falsa promessa de protecção social", alertou Carvalho da Silva.

Uma ideologia que quer transformar
pessoas em números.


O secretário-geral da CGTP-IN, acompanhado na tribuna pelos elementos do Executivo da Central, chamou a atenção para a situação de pobreza, agravamento das condições de vida e de desemprego (incluindo o de longa duração) e para o panorama de quase paralisia económica do País, em contraste com os lucros do sector financeiro e dos grandes grupos empresariais: só a EDP, SONAE, Galp e PT tiveram em 2006 mais 14,4 por cento de lucros, qualquer coisa como 5,3 mil milhões de euros (mais de 10 mil euros por minuto!.).

Carvalho da Silva lembrou a promessa feita por José Sócrates na última campanha eleitoral, quando anunciava a criação de 150 mil postos de trabalho até ao final da actual legislatura. "Pela primeira vez, temos uma taxa de desemprego (8,2 por cento) superior à média europeia", aumentando "pelo sexto ano consecutivo", acusou, lembrando que "mais de 50 por cento são desempregados de longa duração e a maioria dos empregos criados são precários" e que se assiste também à "diminuição do emprego de quadros superiores".

"As linhas fundamentais das políticas económicas e sociais, que vêm sendo seguidas, submetem-se ao ideário e práticas neoliberais", afirmou Carvalho da Silva, que, neste contexto, falou do ataque ao Estado Social, do fundamentalismo económico e monetário e da submissão ao Pacto de Estabilidade.

Numa ideologia que quer "transformar pessoas em números", aparece um Governo que "desenvolve um cuidadoso marketing suportado numa assessoria de comunicação que procura condicionar a informação que os portugueses recebem, distorcendo a realidade dos factos", alertou. / JPO