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“EXAME CAMBRIDGE”

Teste diagnóstico de Inglês: a saga continua e as dúvidas também

27 de fevereiro, 2015

Dando continuidade à “examinite” aguda que o caracteriza, o Ministério da Educação e Ciência, através do Despacho n.º 15747-A/2014, de 30 de dezembro, manteve a parceria com a Universidade de Cambridge para a realização do teste diagnóstico de Inglês do 9.º ano. Este ano letivo, a prova a aplicar será o Preliminary English Test (PET), obrigatório para todos os alunos do 9.º ano de escolaridade e facultativo para os restantes. Uma sigla curiosa, sem dúvida, para um processo que se enquadra na lógica de tratar os exames como medida política de “estimação”, para o obstinado ministro Nuno Crato.

Nuno Crato tem recusado esclarecer as muitas dúvidas colocadas pela FENPROF sobre a legalidade do processo e da forma utilizada para a implementação do teste diagnóstico aplicado em 2013/2014. No entanto, não quis deixar de, rapidamente, anunciar a continuação do “negócio” feito com a Universidade de Cambridge e outras entidades privadas. Pelos vistos, um “negócio” que terá corrido bem! Mas ninguém sabe quem ganhou com ele. Os alunos e os professores não foram, certamente…

Recordamos que a FENPROF denunciou esta situação junto de várias entidades, nomeadamente junto da Procuradoria-Geral da República, onde decorre ainda o processo de averiguação de eventuais ilícitos. O que a FENPROF agora exige é que Nuno Crato não atrase mais o esclarecimento devido sobre todas as questões inerentes a esta prova e também esclareça se pretende continuar a obrigar os professores e as escolas públicas a servirem interesses privados, que parecem ser os únicos a ganhar com tudo isto. Quem não deve, não teme. Se o ministro não esclarece…

Mais recentemente, um novo capítulo foi adicionado a esta saga surrealista que descreve a forma como IAVE e MEC se têm comportado. Já não bastava os atropelos verificados em 2013/2014, para este ano virem estas entidades propagandear uma “promoção” de qualificação gratuita para professores de Inglês, desde que estes ocupem parte da sua vida profissional a angariar alunos para a realização deste teste… com certificado. Recordamos que o preço do certificado é de 25€, sendo de 12,50€ para os alunos do escalão B da ação social escolar e gratuito para os do escalão A. Se o MEC entende que é tão importante esta qualificação para os professores de Inglês, porque não garanti-la a todos no âmbito da formação contínua a que os professores estão obrigados e sem quaisquer contrapartidas? E a dúvida tem de ser, necessariamente, recolocada: afinal, quem ganha com este “negócio”?

A FENPROF adverte que não é, a nenhum título, admissível que se repita o que aconteceu no ano letivo transato, em que professores que não se tinham voluntariado para esse trabalho, se viram forçados a realizá-lo, em cima dos seus horários de trabalho já sobrecarregados. Tal imposição representou uma enorme falta de respeito pelos professores e um intolerável abuso de poder por parte da administração.

O Secretariado Nacional da FENPROF
27/02/2015