Internacional
Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

Um governante desenquadrado e desligado das obrigações governativas!

19 de fevereiro, 2013

O acesso gratuito à Educação é um direito de todas as crianças e jovens que merece consagração constitucional, não se distinguindo os que vivem em Portugal ou fora do país.

Por essa razão, o problema da fixação de custos para a frequência do ensino português no estrangeiro não decorre do valor da propina estabelecida, mas da existência da propina, sendo esse o verdadeiro problema. Tendo em conta o afastamento físico da pátria, era de esperar que, às famílias emigrantes, o governo oferecesse alguns incentivos que constituíssem um verdadeiro apelo à frequência, pelos seus filhos, do ensino português no estrangeiro. Mas não, provavelmente percebendo que estes são portugueses que não desistem das suas raízes, e por essa razão, continuam a investir em Portugal, nos mais diversos planos, o governo decidiu considerar ser esse o desejo patriótico como um luxo, como se luxo fosse oferecer aos filhos o acesso à língua materna, à história e à cultura do seu povo.

"Justificar" o injustificável...

Em entrevista recente a um jornal português radicado na Suíça, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, para justificar o injustificável, recorreu a exemplos absurdos, denotando um tremendo e muito preocupante desenquadramento em relação à situação real do país, senão repare-se: diz o governante que há alunos, em Portugal, que pagam Caixa Escolar. Em que escola isso acontece? É que, sendo ilegal, deverá o governante esclarecer onde a mesma se comete, sob pena de se tornar cúmplice do ato ilegal.

Afirma a dado passo que existem professores que ainda não sabem trabalhar com os níveis linguísticos do Quadro Europeu de Línguas. Que têm de aprender. São professores que estão fora do país há muitos anos, dedicados a uma causa, mas não estão afastados da realidade do seu país e frequentam e pagam do seu bolso a formação científica e pedagógica que lhes devia ser proporcionada pelo Camões, IP e porque não pela Secretaria de Estado das Comunidades, que apregoa qualidade, exigência e mudança. Quem demonstra pouco conhecimento das matérias é o governante.

Refere ainda que foram elaborados novos programas esquecendo a existência de um documento, o QuaREPE, com base no qual têm trabalhado os professores que no dizer do governante têm muito a aprender.

José Cesário, nesta entrevista, revela ainda uma elevada dose de demagogia. Por exemplo, afirma que a propina paga pelos estudantes no EPE servirá para melhorar os programas… para a investigação… Exigem-se mais explicações, e mais claras, para se compreender o verdadeiro alcance de tais afirmações, se é que têm algum alcance.

Desrespeito pelos professores

Por fim, as declarações proferidas em relação aos professores são as mais graves e absolutamente inaceitáveis. Diz o governante que “há professores a ensinar sem saber o que é o ensino”!
Essa é uma acusação gravíssima que obriga o secretário de Estado a denunciar publicamente quem são esses professores incompetentes ou, se não o fizer, restar-lhe-á pedir desculpa aos professores e demitir-se. Assim, a porta da rua parece ser a saída que sobra a José Cesário na sequência do insulto que dirigiu a profissionais docentes que, com grande dedicação e empenhamento, dão o seu melhor junto das crianças e jovens, filhos e filhas das famílias portuguesas que vivem no estrangeiro mas não desistiram de Portugal.

O Secretariado Nacional da FENPROF
A Direção do SPE