Internacional

Delegação sindical da Palestina recebida pelo SN da FENPROF

13 de dezembro, 2012

A delegação sindical da Palestina que veio a Portugal para participar na conferência internacional que a CGTP-IN realizou (14 e 15/12), em Lisboa, foi recebida pelo Secretariado Nacional da FENPROF, num expressivo ambiente de solidariedade e amizade. Mohmad Yahya, Secretário Geral Adjunto da União Geral dos Trabalhadores Palestinianos – GUPW, destacou "o apoio  do povo e dos professores de Portugal; na Palestina sabemos que há esse sentimento, essa afirmação solidária".

Ao saudar "os companheiros da Palestina aqui presentes", o Secretário Geral da FENPROF, Mário Nogueira,  lembrou o significado e a importância da recente resolução das Nações Unidas, que confere à Palestina o estatuto de membro observador (com 138 votos a favor), sublinhando, a propósito, que "uma vitória do vosso povo é também uma vitória de todos os nós, os que desde a primeira hora são solidários com a causa palestiniana".      

"Os professores da Palestina esperam que haja um fortalecimento das relações com Portugal na área da educação. Precisamos muito da ajuda de Portugal", afirmou Mohmad Yahya, que relacionou as perspetivas de intercâmbio e cooperação internacional com a necessidade que os docentes da Palestina sentem de "aprender mais para desenvolverem a educação das crianças e jovens".

Escolas arrasadas

"Destruir tudo o que tenha a ver com o ensino, a formação e a educação na Palestina é objetivo prioritário de Israel", sublinhou. "Muitas escolas foram destruídas, arrasadas... Gaza desapareceu! Israel fechou, com um muro,  todas as saídas, impedindo a mobilidade das pessoas. Os professores não podem trabalhar!", acrescentou.

"Na conferência sindical em que vamos participar, aqui em Lisboa, iremos mostrar como é que o povo e os trabalhadores da Palestina estão a viver neste momento", registou o dirigente sindical.

Crianças presas...

"Temos ainda 340 crianças presas. Temos as escolas destruídas. Vivemos uma situação muito difícil, mas existe também uma grande preocupação: a de continuar a estudar, a de crescer intelectualmente, mesmo nestas precárias condições. Os nossos professores, os nossos jovens e as nossas crianças não desistem. Depois da destruição dos equipamentos educativos pelos bombardeamentos de Israel, em cima das ruínas continua-se a estudar...", revelou Mohmad Yahya, respondendo a uma questão colocada pelo chefe de redação do JF e membro do Secretariado Nacional, Luis Lobo.

"Apesar de tudo o que Israel faz para tirar o direito à vida - eles não têm limites; o seu objetivo é mesmo eliminar o povo da Palestina! - , apesar da destruição, não desistimos. Nada nem ninguém nos vai tirar a esperança de alcançar a paz e a liberdade", concluiu.

... e mortas pelo exército de Israel

Widad Manuil Idrees, secretária-geral das mulheres trabalhadoras, também presente na delegação, dando como exemplo da situação no seu país, recordou uma importante mesquita (Alaxa) em que funcionava uma escola. Israel cercou a escola, destruiu-a e matou 5 crianças, fazendo mais 200 feridos. “Israel prendeu 6 professores apenas pelo facto de quererem continuar o seu trabalho que, por esse facto estão na cadeia” – disse.

Com a frieza de quem sabe que o futuro do estado palestino depende da continuação da sua persistente e corajosa luta, Widad foi bem ilustrativa do que se passa no território em matéria de violação constante dos direitos humanos: “Como mãe, sempre que mando o meu filho para a escola, nunca sei se vai voltar para casa.” / JPO      Versão desenvolvida desta reportagem, com declarações da delegação da Palestina, na próxima edição do JF


Fotos: Felizarda Barradas

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