Internacional
Cortes sem precedentes

Espanha: Educação em luta

24 de maio, 2012

Profissionais da educação e alunos juntaram-se em Espanha num massivo protesto contra o anunciado corte de 10 mil milhões na educação pública. O choque do governo com a comunidade educativa promete prolongar-se

Pela primeira vez desde a restauração da democracia em Espanha, todos os níveis educativos do país se uniram numa greve. Cerca de um milhão de trabalhadores da área da educação e 7,5 milhões de alunos foram esta terça-feira chamados para aderir ao protesto contra os cortes anunciados para o sector pelo governo de Mariano Rajoy.

De acordo com os números divulgados pelos sindicatos, a adesão dos professores rondou os 80%, sendo que no âmbito universitário o seguimento terá sido quase total. Para o Ministério da Educação, o valor não ultrapassou os 19,41%, uma cifra que não incluiu, no entanto, os colégios concertados (semi-privados), onde praticamente não houve chamadas à greve.

A forte adesão foi visível também nas massivas manifestações que se multiplicaram um pouco por todo o país. Em Barcelona, cerca de 150 mil pessoas marcharam pelo centro da cidade, enquanto em Madrid os números dos convocantes apontavam para várias dezenas de milhar.

É a resposta do setor ao anúncio de uma bateria de cortes sem precedentes que, para muitos, ameaça gravemente a qualidade do ensino público espanhol. Dentro da estratégia de austeridade que caracteriza o atual governo conservador, o objetivo é reduzir, durante os próximos cinco anos, em 10.000 milhões de euros o investimento total na área da educação, o que significa baixar dos atuais 4,9% do PIB (valor abaixo da média europeia) para apenas 3,9%.

O conflito aberto com a comunidade educativa (cujos salários já foram cortados em 2010) promete continuar. Os representantes sindicais garantem que, se não houver recuo da parte do governo, continuarão na rua durante o mês de Junho e no início do próximo ao letivo. JN, 23/05/2012