Nacional

Apontamentos

02 de fevereiro, 2016
  • O não reconhecimento do papel social dos professores, os sucessivos ataques à profissão, designadamente por parte de governantes e outros responsáveis políticos, a imposição de condições e horários de trabalho crescentemente negativos, a progressiva perda de autoridade, em resultado das limitações colocadas ao exercício da sua autonomia pedagógica e científica, a par da tentativa de pôr em causa o profissionalismo docente, acusando os professores de serem responsáveis pelos principais problemas que afetam a Educação são, entre outras causas, determinantes de um crescente mal-estar no pessoal docente, com reflexos na sua vida pessoal, familiar e profissional e, obviamente, com projeção na sua relação com os alunos e restante comunidade educativa. Como refere esta investigadora, anomalias na relação pedagógica, vontade de abandonar a profissão e absentismo são algumas das consequências daí decorrentes. 
  • Ao mesmo tempo a complexidade da relação profissional estabelecida entre pares e da relação pedagógica com alunos, tão diferentes e refletindo tantos contextos sociais, culturais, económicos, cria, num número elevado de docentes, a sensação de não domínio da situação e descontrolo. Aliás, refere Nóvoa (A formação de professores e a profissão docente) que "uma das fontes mais importantes de 'stress' é o sentimento de que não se dominam as situações e os contextos de intervenção profissional".
  • Ignorar o trabalho de especialistas e a constatação de uma realidade é, não só contraproducente, como agravante de uma situação que tende a tornar-se cada vez mais difícil resolver. Tanto mais quando há hoje um reconhecido envelhecimento da profissão, mas, a essa realidade não corresponde qualquer medida específica, apesar de esse ser outro fator negativo com influência direta na qualidade do desempenho dos professores.


A iniciativa realizada esta tarde pela FENPROF, em Lisboa, proporcionou um interessante debate em torno daquelas matérias.