Nacional
Rankings de escolas

Regressa o logro

11 de dezembro, 2015

Os resultados dos exames não avaliam as escolas. A divulgação de rankings de escolas visa uma seriação redutora, injusta e perversa.

A divulgação de rankings de escolas iniciou-se em 2001. Desde então, de forma fundamentada, a FENPROF tem-se oposto à simplificação perversa e manipuladora da avaliação do trabalho das escolas que, ano após ano, tem sido traduzida na publicação de “rankings”. Perante as críticas a este procedimento, provenientes de vários sectores da sociedade portuguesa, à informação disponibilizada pelos sucessivos governos, os órgãos de comunicação social têm vindo a associar um ou outro aspeto suplementar, não disfarçando, no entanto, a ligeireza enganadora da sua base: os resultados obtidos em exames nacionais.

A complexidade e a diversidade das exigências a que as escolas têm de responder, em larga medida determinadas pelas características da população escolar que servem e do meio em que se inserem, não se coadunam com essa seriação de escolas.

O que a sociedade espera da educação e do ensino não encontra qualquer projeção numa espécie de concurso com base em resultados de exames. Fomentar a ideia de que, por tal via, se disponibiliza informação sobre quais são as escolas “boas” e as escolas “más”, é uma fraude destinada:

  • a servir visões mercantilistas da educação,
  • a sustentar perigosas linhas de ataque à Escola Pública,
  • a conduzir análises para o objetivo de justificar a privatização,
  • a animar algumas tiragens da imprensa escrita e um ou outro destaque em prime-time das rádios e televisões.

Porventura, servirão, ainda, para umas tiradas rudimentares de elogio ou de preocupação acerca do posicionamento de uma ou outra escola nas listagens nacionais.

Sobre os benefícios dos rankings para a educação e o ensino, ao longo destes anos, designadamente para a Escola Pública e para os alunos e suas famílias, nada haverá a acrescentar, após mais uma edição dos rankings dos exames.

Tendo o início da publicação de rankings sido marcado pela tese do direito à informação que assiste à população em geral, mantém-se, contudo, o problema de nos situarmos nos antípodas de uma verdadeira e séria avaliação – obrigatoriamente contextualizada – do trabalho das escolas. E, assim, a publicação de rankings, servindo outros objetivos, não serve o de informar com rigor e isenção. Informação e logro não são a mesma coisa.

A FENPROF entende que, tantos anos volvidos sobre a publicação de rankings de escolas, é tempo de analisar e discutir os seus efeitos – que considera perniciosos –, esperando encontrar na nova equipa ministerial interlocutores interessados neste debate. O que será útil às escolas – à melhoria da sua qualidade – é uma avaliação integrada do trabalho que, em concreto, realizam com os seus alunos e que se traduza, também concretamente, na criação de condições para a sua sempre ambicionada melhoria.

O Secretariado Nacional da FENPROF
11/12/2015