Nacional
Conferência de Paris

Acordo é histórico, mas é preciso agir

30 de novembro, 2015

Chegou-se a um Acordo histórico sobre o clima em Paris. Com ele, declara-se a pretensão de reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, de modo que a temperatura não aumente mais que 1,5ºC até ao final do século, relativamente à média da era pré-industrial, de forma a reduzir os riscos de impactos das alterações climáticas.

No entanto, a curto prazo, nos próximos anos, até 2020, não se vislumbram ações significativas. Há também questões relacionadas com o financiamento, pelos países ricos, de medidas para os países em desenvolvimento e a não contabilização de responsabilidades históricas que podem não contribuir para uma justiça ambiental global.

Paris foi também um local onde os governantes de todo o mundo quiseram tomar um banho de conferência verde. Esperemos que não tenha sido greenwashing, para ficarem enverdecidos aos olhos dos cidadãos.

Ao mesmo tempo que se faziam discursos na conferência, governos de todo o mundo continuavam a autorizar projetos nefastos para o ambiente: aeroportos, projetos destruidores de zonas húmidas, abertura de minas de ouro, projetos de gás de xisto…

Há que questionar, também, a finalidade da produção de energia: investe-se em energias renováveis para substituir de facto as energias fósseis? Ou é para comercializar e consumir mais energias? Se as energias renováveis não romperem com a lógica mercantilista e o produtivismo sem sentido, as energias não serão ecológicas nem estarão ao serviço das populações.

A alternativa ao presente passa por, colectivamente, se tomar o futuro em mãos decidindo o que produzir e como o fazer, numa preocupação de sobriedade, de restauro dos ecossistemas, de abolição das desigualdades e de satisfação das necessidades de todos.

Há outros aspetos a assinalar: a coberto do estado de emergência vivido em França após as tragédias de 13 de novembro, houve manifestações proibidas e manifestantes pacíficas a serem reprimidas violentamente. A liberdade de manifestação foi posta em causa. Aliás, as próprias liberdades sindicais estão a ser atingidas: na Bélgicas os piquetes de greve passaram a ser proibidos.

Agora vamos agir

A FENPROF saúda o acordo alcançado em Paris, faz votos para que se consiga prosseguir os resultados alcançados. A FENPROF estará atenta à forma como o Acordo de Paris será implementado em Portugal, nomeadamente o artigo 12.º que diz que têm de ser tomadas medidas para intensificar a educação e a formação sobre as alterações climáticas, a consciencialização, a participação pública e o acesso à informação, pois são importantes para reforçar as ações do Acordo.