Nacional
Dentro e fora da Assembleia, o governo PSD/CDS caiu

Este “10 de Novembro” confirmou: “Vale mesmo a pena lutar!”

10 de novembro, 2015

Saudação da CGTP-IN: "Vencemos! O governo de coligação PSD/CDS caiu!"

Intervenção de Arménio Carlos, Secretário Geral da CGTP-IN

Resolução aprovada na concentração junto à  Assembleia da República: "Valorizar o trabalho e os trabalhadores, lutar pela mudança de política"

Depoimento de Mário Nogueira: "No novo tempo, apesar dos castigos estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos"

 Imagens da concentração (fotos de F. Vicente)


No passado dia 10 de novembro, dentro e fora da Assembleia da República, o governo PSD/CDS levou "cartão vermelho" e saiu de cena...

Eram 17h15 quando acabou a votação da moção de rejeição apresentada pelo Partido Socialista, aprovada por 123 deputados: PS, PCP. BE, PEV e PAN, momento sublinhado pelos fortes aplausos dos milhares de participantes na concentração convocada pela CGTP-IN, ouvindo-se a uma só voz "O povo unido jamais será vencido".

Do lado da direita, registaram-se 107 votos contra a moção, das bancadas do PSD e CDS/PP, cujo governo (condenado desde a sua tomada de posse, há 11 dias atrás) não resistiu à censura, que suscitou quatro moções: PS, PCP, BE e PEV. Com o desfecho do resultado da votação da moção do PS, a Mesa da AR, presidida por Ferro Rodrigues, considerou não ser necessário proceder à votação das outras moções.

Este 10 de novembro de 2015 fica na história da Assembleia da República, casa-mãe da democracia, mas fica também como ponto alto da luta e do protesto dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados e pensionistas, dos desempregados, dos homens e mulheres que disseram “não” às políticas negativas, de empobrecimento social e de ataque sistemático aos cidadãos. 

Professores presentes!

Em São Bento esteve uma multidão (onde se encontravam muitos professores) consciente de que é possível retomar os caminhos para garantir um futuro melhor para o país e para quem trabalha, o que exige uma mudança de políticas que "dê respostas concretas aos problemas que se avolumaram ao longo de anos e de forma brutal na última legislatura", como realçou Arménio Carlos, Secretário Geral da CGTP-IN.

Passos e Portas fizeram as malas depois dum ritual de dois dias a discutir um Programa de Governo que era apenas mais do mesmo, com discursos inflamados da direita, particularmente na sessão de encerramento do debate parlamentar, repletos de fantasmas, "teorias da conspiração" e ameaças, algumas a roçar o patético... "A direita está em estado de choque, os planos que faziam para os próximos quatro anos, estão comprometidos", referia Arménio Carlos na concentração.

"Por muito que custe ao senhor Presidente da República, a estabilidade que sempre reclamou não passa por um Governo de gestão ou de iniciativa presidencial, mas pela aceitação da proposta do Governo do PS que em breve lhe será apresentada e que contará com o apoio da maioria dos deputados da Assembleia da República", salientou ainda o dirigente sindical.

  • Em 4 de outubro os portugueses disseram “basta” a quatros anos de incompetência e descalabro, de políticas de exploração e empobrecimento, das desigualdades crescentes e do desemprego, da precariedade, da instabilidade e da desregulação dos horários, do desmantelamento das funções sociais do Estado e das privatizações das empresas públicas, de subordinação aos interesses das grandes potências e das regras e instrumentos de condicionamento de desenvolvimento soberano do país. 
     
  • Em 10 de novembro, os portugueses disseram que está na hora de resolver os problemas e caminhar para o futuro. "Esta é a hora de potenciar a participação cívica e democrática", observou Arménio Carlos.

Para muitos dos participantes nesta histórica concentração - enriquecida pelas canções de Zeca Afonso - a caminhada até ao Largo de São Bento é mais do que conhecida… Muitos protestos, muitas palavras de ordem se ouviram ali nos últimos anos. Mas esta caminhada (da Calçada da Estrela, da Rua de São Bento, do Largo de Santos, da Avenida D. Carlos… até às escadarias do Palácio) teve um “sabor” especial.

Agora, como destaca a resolução aprovada pelos manifestantes, os trabalhadores têm pela frente um desafio fundamental: "reforçar a unidade e a organização nos locais de trabalho".

"A valorização e defesa da Escola Pública, do Serviço Nacional de Saúde e da Segurança Social pública, universal e solidária", são eixos fundamentais das alterações de política que o movimento sindical unitário reafirma nesta nova etapa da vida do país.

O tom da concentração...

Como dizia uma educadora de Santarém à comunicação social, “confirma-se que vale mesmo a pena lutar!”. E este foi sem dúvida o tom da concentração realizada nesta tarde (com o Verão de São Martinho a ajudar), que juntou milhares de pessoas, oriundas de todas as regiões do país (os dos distritos do sul com pré-concentração no Largo de Santos). 

Os professores marcaram presença saliente, em defesa da escola pública (que a direita tanto odeia...). E deixaram outras mensagens: é preciso melhorar as condições de trabalho nas escolas, é preciso valorizar o exercício profissional dos docentes e investigadores, é preciso pôr fim à municipalização, à privatização, à eliminação de disciplinas, à descaracterização das escolas; é preciso acabar com horários de trabalho violentíssimos, com os cortes salariais e de pensões, o desemprego e a precariedade, os concursos injustos, aposentação cada vez mais tardia, cortes na educação especial, sufoco do ensino artístico, subfinanciamento do ensino superior e da ciência… 

Logo após a votação, vários deputados da esquerda foram ao encontro dos manifestantes.

Nesta jornada histórica para a democracia portuguesa as bandeiras da FENPROF e dos seus Sindicatos emprestaram o seu colorido e levaram a São Bento a representação de um setor profissional que muito contribuiu para o desgaste e a derrota de uma política que em 4 de outubro perdeu cerca de 800 000 votos e, em consequência, 25 deputados. / JPO 

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