Os mais de 36 graus que se fizeram sentir na tarde do passado sábado, 20 de junho, em Lisboa, não conseguiram diminuir a força e o impacto da manifestação nacional, que juntou milhares de professores, educadores e investigadores, previamente concentrados no Marquês de Pombal, e que desfilaram depois pela Avenida da Liberdade, rumo à Praça dos Restauradores.
“Pela luta dos professores, revalorizar a educação, defender a profissão!”, foi o lema desta jornada, que teve o apoio solidário de muitos lisboetas e a curiosidade de numerosos turistas de diferentes nacionalidades (foto J. Caria)."Estamos em período pré eleitoral, pelo que é tempo de os partidos políticos dizerem ao que vêm e assumirem com clareza os seus compromissos. Queremos saber o que defendem para o futuro: se mais do mesmo, se um destino diferente para a Educação e para a Ciência", sublinhou Mário Nogueira, na intervenção final, nos Restauradores, falando em representação da Plataforma Sindical. / JPO
Os autocarros oriundos do Norte, da Região Centro, dos pontos mais afastados da Grande Lisboa e da zona Sul começaram a chegar a Lisboa ao fim da manhã, mas o desfile arrancou às 15 horas.
Já nos Restauradores, teve lugar a intervenção final, da responsabilidade de Mário Nogueira em representação da Plataforma Sindical. Foi ainda aprovada uma moção, que será enviada ao governo, aos grupos parlamentares e a diversas entidades. O documento sintetiza sete reivindicações fundamentais, nomeadamente no âmbito da estabilidade de emprego, dos horários de trabalho e do regime de aposentação, temas que estiveram em foco nos panos, nas palavras de ordem, nas saudações e na intervenção final desta jornada.
Os milhares de professores que responderam ao apelo das organizações sindicais exigem também a suspensão do processo de municipalização da educação e a abertura de um debate nacional que vise definir as linhas de uma efetiva descentralização na Educação. Do Marquês aos Restauradores, passaram outras mensagens igualmente expressivas:
- Que não seja posto em causa o caráter público do sistema de ensino, o que implica o abandono do “cheque-ensino”, da transferência para colégios privados de turmas para as quais há lugar nas escolas públicas e da concorrência desleal entre colégios e escolas públicas. Defendem que deve ser progressivamente abandonada – porque desnecessária – a política de contratos-associação. Foi firmemente condenada a opção por uma acentuada linha privatizadora na Educação, com o conselho de ministros a atribuir quase 540 milhões de euros para o estabelecimento de PPP no setor, através do recurso a contratos de associação.
- Que haja um investimento efetivo na qualificação dos portugueses, o que, entre outras opções, exige um ensino superior de qualidade, organizado num sistema unitário, integrado e diversificado, e também uma aposta séria na investigação científica;
- Que, para o futuro, sejam adotadas políticas efetivamente diferentes, que defendam a Escola Pública na sua matriz democrática, logo, necessariamente inclusiva, e valorizem os seus profissionais, quer respeitando-os ao nível das condições de trabalho nas escolas, quer dos aspetos relacionados com o acesso à profissão, vínculo, carreiras, remunerações e aposentação.
Balanço do ano que termina: MEC chumbado
Tremendo desgaste do corpo docente exige medidas que aliviem sobrecarga horária de trabalho
Um regime específico de aposentação que tenha em conta o desgaste profissional
Não à municipalização da educação, suspensão do processo em curso