Nacional
TESTE DE INGLÊS DO 9.º ANO:

A deriva do MEC não tem limites num processo a contas com a justiça

23 de abril, 2015

A falta de vergonha do MEC e do IAVE não param de nos surpreender no que ao processo do exame de Inglês da Cambridge diz respeito. Já não bastava os professores terem sido impelidos pelo MEC para que faltassem às suas aulas para fazerem a formação exigida pela Cambridge na última semana de aulas do 2.º período e na 1.ª deste curtíssimo 3.º período letivo. Vem, agora, o IAVE voltar a convocar, para fazerem formação presencial durante dois dias, hoje e amanhã, os professores que, estando em greve a todo o serviço relacionado com este processo, não fizeram a formação nem a certificação exigida para poderem ser classificadores e examinadores das provas orais.

Esta formação, caso os professores cedessem às pretensões do IAVE/MEC, seria realizada, uma vez mais, com o prejuízo das aulas dos alunos e desta vez nas instalações do IAVE em Lisboa, com os professores a deslocarem-se de todo o país e com todas as despesas pagas!

A intimidação e a pressão sobre os professores de Inglês e as direções das escolas são crescentes, indo ao ponto de alguns diretores estarem a ameaçar os professores com eventuais processos disciplinares. Mas crescente é, também, a revolta e indignação dos professores, que de dia para dia têm estado a engrossar a fileira daqueles que estão a fazer greve a todas as atividades relacionadas com este processo da Cambridge.

O governo português, em nome de uma desnecessária certificação e de um inadmissível desrespeito pelos docentes e pelas instituições em que fizeram a sua formação inicial, a troco de um negócio de contornos ainda pouco claros, envolvendo a Cambridge English Language Assesment cuja clientela já atinge cerca de 170 países e move milhões e milhões de euros, outorgou-se o direito de esconder o negócio, facultando-se das necessárias artimanhas legislativas para que o contrato estabelecido fosse por diante sem obstáculos processuais.

E agora, cumprindo a sua parte, sacrifica professores e alunos, o seu trabalho e as suas aprendizagens, num contexto e num quadro tão complexo em que a escola portuguesa tem de dar provas de ser capaz de cumprir com o objetivo de, no final, os resultados dos seus alunos não envergonharem o país.

Dos professores, Crato faz as marionetes com que acena aos seus amigos ingleses, como quem diz: pobretes, mas alegretes”. Uma vergonha a que centenas de professores não se vergam, cuja oposição ao processo estão a fazer, aderindo à greve nacional iniciada em 7 de abril e que será levada até ao fim, em 22 de maio.

Hoje mesmo, a este propósito, a FENPROF foi ouvida pela Brigada Anti-Corrupção da Polícia Judiciária. 

O Secretariado Nacional da FENPROF
23/04/2015