Nacional

A situação do emprego em 2014

06 de fevereiro, 2015

O INE, através do Inquérito ao Emprego do 4º trimestre de 2014, estima que quer a taxa de desemprego, quer o número de desempregados tenham diminuído em termos homólogos tendo-se registado também uma descida anual de 2014 face a 2013. Pelo contrário, o emprego terá aumentado nesse período.

Em termos trimestrais a situação é a inversa, com uma diminuição do emprego e o aumento da taxa de desemprego e do desemprego do 3º para o 4º trimestre. Esta evolução é preocupante porque indicia que a descida do desemprego e a criação de emprego não são sustentáveis. Não havendo investimento e aumento do poder de compra as empresas não produzem e o país não cresce.

Desde que este governo tomou posse que a situação do o emprego se vem degradando. Os poucos empregos criados mais recentemente não são suficientes para esconder que emprego caiu 240,6 milhares relativamente a 2011, quebra que atingiu quer a agricultura e pescas (- 95 milhares) quer a indústria, construção, energia e água (-199,4 milhares) e atingiu sobretudo os mais jovens (mais de 213 mil empregos destruídos neste período entre os jovens dos 15 aos 34 anos).

Em 2014 o desemprego atingiu 726 mil desempregados em termos oficiais, mais 37,8 milhares que em 2011, sendo a taxa de desemprego (oficial) de 13,9% face a 12,7% em 2011.

A este número há que juntar os 273,3 mil desencorajados, os 245,2 mil subempregados a tempo parcial, os 27 mil inactivos que procuram emprego mas não estão disponíveis para trabalhar e, ainda, os 30,7 mil desempregados abrangidos por contratos emprego-inserção e os 39,8 mil estagiários promovidos pelo IEFP que o INE conta como empregados, mas que na realidade estão a ser usados pelo Governo e pelas empresas para impedir a criação de emprego estável e com salários dignos.

Assim, o número real de desempregados e subocupados no nosso país é de 1.342,2 milhares, o que corresponde a uma taxa real de desemprego e subocupação de 24,3%, também mais elevada que em 2011 quando se situava na ordem dos 20%.

O desemprego de longa duração foi de 475,8 milhares em 2014, mais 109,8 milhares que em 2011 e corresponde agora a 65,5% do desemprego face a 53,2% em 2011, sobretudo pelo aumento do desemprego de muito longa duração.

Estes números só não são mais elevados devido ao aumento da emigração que atingiu mais de 400 mil trabalhadores entre 2011 e 2014, uma estimativa que peca por defeito e porque muitos milhares de desempregados passaram à inactividade.

Os jovens foram também muito afectados pelo desemprego, tendo as taxas mais elevadas (34,8% até aos 25 anos e 19% entre os 25 e os 34 anos, em termos oficias), sendo igualmente preocupante a situação dos mais velhos e menos qualificados. Os desempregados com 45 e mais anos aumentaram 16% face a 2011 e o emprego diminuiu nos grupos profissionais menos qualificados.

Ao mesmo tempo a protecção no desemprego é de apenas um terço do número de desempregados calculado em termos reais e o valor das prestações tem vindo a baixar, sendo agora de 466 euros face a 499 em 2011.

A precariedade manteve-se num nível muito elevado, embora estes dados só estimem 774,5 mil contratos não permanentes, correspondendo a 21,4% dos trabalhadores por conta de outrem e afectando sobretudo os mais jovens.

O desemprego, a precariedade e os baixos salários conduzem em muitos casos à pobreza. Mais de quatro em cada dez desempregados é pobre e mesmo quem trabalha é afectado por este flagelo pois não tem rendimentos suficientes para se prover a si ou à sua família.

Este quadro, apregoado pelo Governo como sendo positivo, é marcado pela degradação da qualidade do emprego, traduzido numa precariedade insustentável que compromete o futuro de muitas famílias e é incompatível com o principio constitucional da segurança no emprego, pelos baixos salários justificados pelo modelo de empobrecimento que está a ser imposto ao país que atinge particularmente as populações mais frágeis, como sejam os idosos e as crianças, mas também trabalhadores que, devidos aos baixos salários empobrecem todos os dias enquanto trabalham.

A CGTP-IN tem sucessivamente denunciado que a euforia do Governo não se compagina com a realidade económica e social existente, antes constitui um modo de fazer propaganda de uma politica condenável e condenada ao fracasso, nas suas diferentes áreas, que faz da austeridade e do empobrecimento a sua linha de orientação e que, por isso mesmo, não consegue esconder os seus efeitos verdadeiramente criminosos.

CGTP-IN
Lisboa, 06.02.2015