Nacional
UM SALÁRIO QUE O GOVERNO DESVALORIZOU EM MAIS DE 30%

23/10/2014: professores receberam salário com duplo corte

22 de outubro, 2014

23 de outubro de 2014 fica assinalado como um daqueles em que os efeitos da máquina trituradora das políticas de empobrecimento, agora levadas a efeito pelo governo PSD/CDS, voltará a fazer-se sentir, de forma agravada, nos salários dos educadores, professores e investigadores.

Esta quinta-feira, os docentes e investigadores portugueses constatarão que os seus salários terão “emagrecido” à conta de mais um brutal roubo imposto por via da reedição dos chamados “cortes de Sócrates” que o Tribunal Constitucional consentiu, com base na promessa do governo de que serão cortes temporários...

Recorda-se que, em 1 de janeiro de 2014, começaram a ser aplicados cortes entre 2,5% e 12% sobre os salários acima dos 675€ ilíquidos. Este esbulho prolongou-se até o TC se ter pronunciado pela sua inconstitucionalidade, passando, a partir de maio, o salário a ser pago na íntegra.

Após mais esta derrota imposta pela Constituição da República, o governo de Passos/Portas atacou novamente, amputando entre 3,5% e 10% os salários ilíquidos acima de 1500 euros, com efeitos a partir de 13 de setembro, p.p.. O contorno a nova declaração de inconstitucionalidade foi feito com o recurso à promessa de devolução de 20% da extorsão salarial, a partir de 2015, e da reposição do restante até 2020, embora “em função da disponibilidade orçamental”! É certo que estamos perante uma derrota das piores intenções do governo, que foi obrigado a recuar na percentagem de corte e no número de meses de incidência do mesmo, mas é necessário não esquecer que se manterá:

- A ausência de atualização salarial (a última foi em 2009);

- O congelamento do tempo de serviço e das progressões (situação que já vai para o quinto ano consecutivo, a que acresce o período entre 30 de agosto de 2005 e 31 de dezembro de 2007 – 2 anos e 4 meses);

- O roubo salarial, que, em 2015, se irá situar entre os 2,8% e os 8%!

Falar agora em devolução do corte, mas atirar 80% da mesma para depois de 2015 parece tratar-se, no mínimo, de uma manobra eleitoralista, pois ninguém pode garantir que o governo não tentará transformar em definitivo o que era suposto ser transitório, designadamente através da imposição da tabela remuneratória única (TRU), um presente que foi deixado pela troika!

A 23 de outubro, os professores e investigadores vão receber um salário bastante mais leve que no mês anterior porque, além do corte correspondente ao mês corrente, ainda lhe vai ser subtraída a porção relativa a 18 dias de Setembro! Aliás, convém referir que os salários dos professores em 2014 estão aquém do valor de 2005 e, se contarmos com a não progressão na carreira, a grande carga fiscal que os atinge e o aumento nas contribuições sociais, a desvalorização salarial dos professores, imposta pelo atual governo, é superior a 30%!

Mas não é inevitável que este calvário se mantenha! A resistência e luta dos professores tem ajudado a dificultar o caminho de quem escolheu a desvalorização dos trabalhadores da Administração Pública, a destruição de emprego público, a ruína de uma importante parte das funções sociais do Estado e o empobrecimento generalizado da população, levando a um caminho de desastre nacional!

E, mais uma vez, e todas as vezes que forem necessárias, os docentes e investigadores estarão com o conjunto dos trabalhadores da Administração Pública numa grande MANIFESTAÇÃO NACIONAL, no próximo dia 31 de outubro, exigindo, entre outras medidas, a atualização salarial e o descongelamento do tempo de serviço e carreiras; o respeito pelas regras e o fim dos abusivos contratos a termo; a reposição do vínculo público, bem como das 35 horas de trabalho semanal; a defesa dos cidadãos e das funções sociais do Estado!   

 

O Secretariado Nacional