Nacional

"A escola tem muitos protagonistas"

17 de outubro, 2014

(...) "Não procurei o politicamente correto, nem o consensualmente aceite... fui escrevendo, tal como poderia ir dizendo se estivesse numa das muitas sessões em que tenho participado e em que a defesa da Escola Pública é tema central", resumiu o líder da maior estrutura sindical que nos últimos sete anos lutou diariamente pelos professores.

No entanto, garante que este "não é um livro sobre professores": "A escola tem muitos protagonistas. Começando pelo aluno, a quem a escola tem de dar resposta, passando depois pelos professores, funcionários e pais".

Nos últimos meses, aproveitou os poucos tempos livres para avançar no livro e garante que lhe podia "faltar tempo mas sobrava tema" e por isso, depois de um dia no papel de líder da Fenprof, "conseguia escrever com mais facilidade e ao correr da pena".

Mário Nogueira passou para escrito as criticas que tem feito às políticas que considera estarem a prejudicar a escola pública: a criação dos mega-agrupamentos, o cheque-ensino, o reforço dos contratos com escolas privadas ou o corte nos apoios dados às crianças com necessidades educativas especiais são alguns dos exemplos.

Lamenta "as pressões económicas, políticas e sociais que se exercem sobre a escola" mas acredita que a escola pública ainda tem futuro, porque o "caminho e políticas de desmantelamento serão travados" muito em breve, com a chegada das eleições.

"A escola pública só pode ter futuro, porque sempre que é atacada é o futuro do próprio país que é posto em causa", disse o autor do livro.

Além das críticas às políticas educativas, Mário Nogueira apresenta também um conjunto de propostas por uma escola melhor. A aprovação de uma lei de financiamento da educação, que defina as regras desde o pré-escolar até ao superior é uma das suas propostas.

Apostar na Ação Social Escolar (ASE) de forma a garantir que este apoio é capaz de atenuar as diferenças e garantir igualdade de oportunidades e contrariar os cortes aos apoios a crianças com necessidades educativas especiais (NEE) são outras das propostas.

Parte dos lucros da venda do livro será entregue à Embaixada da Palestina para a reconstrução das escolas que foram destruídas em Gaza: "Nós temos os nossos problemas, mas quando olhamos à nossa volta percebemos que existem situações realmente dramáticas. Na Palestina foram destruídas 250 escolas e morreram 450 crianças", lamentou. / Lusa, 15/10/2014