Nacional

“Vim fazer força para a escola não fechar"

24 de julho, 2014

(...) Maria Arcelina Moreira, de 65 anos, luta pela escola da Fermelã, também em Estarreja. Não se conforma com o fecho, ou melhor, com os fechos. “Vim fazer força para a escola não fechar. Estamos na última freguesia do concelho. Se nos tirarem a escola que é centenária mas é tão boa, o infantário vai atrás e ficamos sem crianças. Já nos tiraram tudo no interior. Fecharam os correios, que agora só abrem um dia por semana e é a junta de freguesia que paga. Só temos médico uma manhã por semana e se quisermos receitas podemos pedir-lhe, mas temos de as ir levantar a Salreu”, que, adianta, fica a meia hora a pé, “pois muitos não têm transporte”.

A qualidade dos estabelecimentos que vão fechar é, aliás, um dos motivos invocados por mais presentes, assim como a temida desertificação das aldeias. A presidente da Junta de Freguesia de Alpalhão, no concelho de Nisa, assume que foi com “perplexidade e surpresa” que soube que a escola de Alpalhão, com mais de 50 anos, iria fechar. “Ainda há um ano abrimos um centro educativo de apoio com refeitório, sala multiusos, biblioteca… foi um investimento de cerca de um milhão de euros. Para quê?”, questiona a autarca da CDU. Também Sandra Braz, vereadora da CDU na Câmara de Cuba, queixa-se do fecho da escola de Vila Ruiva que acredita que “acrescentará maior empobrecimento e desertificação” àquela zona.

Do lado dos pais está também presente Rui Martins, da Federação Regional das Associações de Pais de Viseu. O representante explica que estão em causa mais de 50 escolas naquela região. “Temos de facto algumas escolas com menos do que os 21 alunos de que tanto falam, mas estão a esquecer-se da neve e das intempéries nesta zona, em que se fecharem escolas, com os cortes das estradas as crianças ficam parte do Inverno em casa”, justifica. / ROMANA BORJA-SANTOS, Público, 24/07/2014