Nacional
Águeda

Professores exigem participar no processo de transferência de competências para municípios...

07 de julho, 2014

O SPRC/FENPROF realizou (7 de Julho), em Águeda, uma reunião sobre o processo de municipalização que o Governo está a negociar com algumas câmaras municipais.

No final da reunião foi aprovada, por unanimidade pelos 60 professores e educadores presentes, uma moção que refere:

"O governo está a negociar com diversas autarquias a transferência de responsabilidades para as câmaras municipais.

São também conhecidas declarações de alguns autarcas que permitem concluir que esse processo de contratualização da municipalização da educação está já a ser negociado para entrar em vigor no próximo ano letivo. É, porém, um processo que decorre sem que os professores, as suas organizações sindicais e os órgãos de gestão das escolas e agrupamentos sejam chamados a nele participar, como seria obrigatório.

O documento a partir do qual o governo quer negociar com as autarquias raia o inimaginável quando se propõe transferir competências dos agrupamentos e escolas para as câmaras municipais e institui e estimula um processo de redução de docentes convertível em financiamento para as autarquias.

Hoje, as responsabilidades com os transportes escolares do Ensino Básico, as AEC, as refeições do 1º CEB e Pré-Escolar, instalações escolares, cartas educativas e até, em muitos casos, o pessoal não docente são já responsabilidade das autarquias.

Os professores e educadores não recusam discutir a transferência de outras competências para o Poder Local desde que enquadrada numa Lei de Financiamento e Autonomia das Escolas do Ensino Básico, Secundário e Educação Pré-Escolar. Excecionam, porém, entre outros aspetos, os que se referem à gestão de pessoal, designadamente docente, que deverá continuar a ser competência do MEC. A mais representativa organização sindical dos docentes portugueses – a FENPROF – há muito que apresentou propostas para a descentralização do sistema educativo e a autonomia das escolas e seus agrupamentos que deverão ser tidas em conta.

Face a esta situação, os professores educadores reunidos em Águeda no dia 7, de Julho , de 2014 decidem:

- Reafirmar que rejeitam que salários, concursos e contratação de docentes, carreiras, ação disciplinar, seleção dos órgãos de gestão e organização curricular façam parte das matérias a transferir para a esfera das autarquias locais;

- Recusar qualquer processo que signifique a retirada de poderes de gestão aos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas;

- Exigir que qualquer processo de transferência de responsabilidades do governo para o Poder Local, por se tratar de uma reconfiguração do sistema educativo, seja objeto de debate público e negociação com as organizações representativas da comunidade educativa, designadamente dos docentes;

- Apelar aos órgãos do Poder Local para que recusem participar neste processo que tem como único objetivo permitir ao governo sacudir responsabilidades que constitucionalmente lhe cabem.

Águeda, 7 de Julho de 2014"