Nacional
1930-2014

Faleceu Jaime Gralheiro

20 de junho, 2014

20-06-2014: morreu Jaime Gralheiro, prestigiado democrata e lutador antifascista, advogado e dramaturgo, natural do concelho de São Pedro do Sul.

Morreu um camarada e um amigo. Advogado de profissão, dramaturgo por vocação, lutador anti-fascista por convicção. Militante da Oposição Democrática e do PCP. No 25.ª aniversário do SPRC, este Sindicato publicou duas obras de Jaime Gralheiro – “Na Barca com Mestre Gil”, a última peça de teatro que o fascismo lhe censurou, e “Arraia Miúda”, a primeira que escreveu após o 25 de Abril de 1974.

O distrito de Viseu e a Democracia devem muito a Jaime Gralheiro. O SPRC e a FENPROF apresentam aos seus familiares e amigos as sentidas condolências.

JAIME Gaspar GRALHEIRO
 
(da Biblioteca Municial de S. Pedro do Sul, em 19 de Janeiro de 2011)
 
Advogado e Dramaturgo, nasceu no dia 7 de Julho de 1930, em Macieira, freguesia de Sul, no concelho de S. Pedro do Sul. É viúvo, tem 3 filhos, 5 netos e uma bisneta. Homem de convicções, gosta de fazer teatro, ler e viajar. Nasceu na serra do S. Macário. Foi pastor de ovelhas e de cabras. Quando chegou à escola já tinha 9 anos. Licenciou-se em Direito com a nota final de bom. Antes de descobrir a profissão, descobriu a poética das letras e o engenho das palavras. Deu em Advogado, em Dramaturgo e em Escritor: três actividades para as quais a palavra é muito importante. Do menino das ovelhas e das cabras ficou a sua solidariedade para com os mais desfavorecidos.
 
O que é para si um livro?
Um livro é uma obra de arte, através do qual o escritor chama para dentro de si e do seu mundo os seus leitores.
 
Neste momento, qual o seu “livro de cabeceira”?
Eu não tenho livros de cabeceira. Vou-os lendo conforme os vou adquirindo e vou tendo tempo para os ler. Neste momento estou a ler “Álvaro Cunhal – Retrato pessoal e íntimo”, de Adelino Cunha. A razão pela qual o estou a ler é estar na sequência das últimas aquisições.
 
Qual o escritor que mais admira?
Tenho feito a mim mesmo muitas vezes essa pergunta e não encontro nenhuma resposta, porque em cada época admiro um ou vários escritores. Dos do meu tempo admiro José Saramago.
 
Na sua opinião qual o papel das Bibliotecas na formação de um escritor?
As Bibliotecas são pequenas/grandes searas onde nos aguardam mil sementes de alegria, prazer espiritual e de conhecimento. De outra maneira diria: uma Biblioteca é uma espécie de forno onde se coze o saber e a cultura.

Quantos livros já publicou?
Já publiquei vários livros de Teatro, de Direito, de pura Memorialística e de Memórias Romanceadas (estórias na História).
No Teatro publiquei: Feia (in revista “Inicial”, do Colégio João de Deus, 1949); Epifânio Lacerda (1961); Belchior (1962); Ramos Partidos(1963: publicados, conjuntamente, sob o título genérico de TEATRO, em edição de Autor, sendo que Epifânio Lacerda mudou de título para Paredes Nuas, 1967); Farruncha (infantil, 1964, publicado in Cadernos Faoj, 1975); O Fosso (1966/67, nº 1 da colecção “Cena Actual” do Jornal do Fundão, 1972); Na Barca com Mestre Gil (1973, Ed. Caminho, 1978; 2ª edição, conjuntamente com Na Barca com Mestre Gil, Sindicato dos Professores da Região Centro, 1999); Arraia-Miúda (1975, Ed. Inova, 1976, 2ª edição, conjuntamente com Na Barca com Mestre Gil, Sindicato dos Professores da Região Centro, 1999); O Homem da Bicicleta (dramatização e adaptação do romance Até Amanhã, Camaradas, de Manuel Tiago, 1976, SPA, 1982); Vieram para Morrer (3º prémio da SEC de 1978, Moraes Editora, 1979); Onde Vaz, Luís? (1980, Vega Editora, 1983); O Grande Circo Ibérico (1986, 1º prémio do Concurso CITAP/Amadora de 1988, D. Quixote/SPA, 1998); A Longa Marcha para o Esquecimento (CETA, 1988); e E(h) Meu! (infanto-juvenil, 1995, em conjunto com O Grande Circo Ibérico, D. Quixote/SPA, 1998).
As obras de Direito que publiquei foram: Comentário à(s) Lei(s) dos Baldios (Almeida, 1990) e Comentário à Nova Lei dos Baldios(Almedina, 2002).
Nos livros de pura Memorialística publiquei S. Pedro da Minha Memória, no jornal “Gazeta da Beira”, nos anos 2004/2005, agora reformulado em livro sob o título Os dois PREC’s no Centro/Norte do País – Memórias de uma “guerra” quase pessoal, inédito em livro, à espera de editor.

Quanto às Memórias Romanceadas escrevi A Caminho do Nunca? Ou “Minha loucura outros que me a tomem” (2009, Edições Húmus).