Nacional
Alto senhores do governo e da troika, os Professores não estão resignados!

Grito de revolta encheu a Avenida!

25 de janeiro, 2013

Intervenção de Mário Nogueira (vídeo)

Intervenção do Secretário Geral do SUTEBA (Sindicato dos Trabalhadores da Educação da Província de Buenos Aires), Argentina, Roberto Baradel (vídeo)

Manifestação dos Professores aprova acção e luta para os tempos muito próximos

Resolução aprovada no Rossio

Imagens | Saudação da CGTP-IN | Ação no Funchal

Entrevista ao Secretário Geral da FENPROF

Os educadores, professores e investigadores exigem outra política e outro governo que garantam um futuro para Portugal – esta foi uma das mensagens que marcou a manifestação nacional realizada na tarde do passado sábado, 26 de janeiro, em Lisboa.

Milhares de docentes e investigadores - ultrapassando largamente as expetativas iniciais que apontavam para 30 000 participantes - responderam com a sua determinação ao apelo lançado pela FENPROF neste regresso à Avenida da Liberdade, plalco histórico das lutas e dos protestos dos professores.

Após a concentração no Marquês de Pombal, com docentes oriundos do Norte, Grande Lisboa, Região Centro, Zona Sul e ainda uma pequena representação da Região Açores (na RA Madeira teve lugar uma ação no Funchal), a manifestação arrancou por volta 15h30, descendo a  Avenida da Liberdade com destino ao  Rossio, num desfile que contou com o apoio solidário de muitos cidadãos nos passeios e em que se ouviram palavras de ordem como "Matar a Educação é destruir a Nação", "Governo escuta, os professores estão em luta!" ou "Terrorismo social enche o bolso ao capital".

Um acidente com um pesado na A1, já às portas de Lisboa, provocou atrasos na chegada de vários autocarros, razão que motivou um ligeiro adiamento no arranque do desfile, que viria a prolongar-se por mais de duas horas, enriquecido pelo colorido das bandeiras da FENPROF e dos seus Sindicatos.

“Professores contra a catástrofe,
por um país com futuro”


À cabeça da manifestação, dirigentes da FENPROF e dos seus Sindicatos desfilaram com um pano em que se lia: “Professores contra a catástrofe, por um país com futuro”.

O plenário final no Rossio - às 17h15 ainda estavam muitos manifestantes a chegar... -  incluiu as saudações da CGTP-IN, pela voz do seu Secretário Geral e de um representante da CETERA, Roberto Baradel, organização sindical de professores da Argentina, país que, como Portugal, viveu dias extremamente difíceis (também lá diziam que "não havia alternativa..."), mas que, com a luta dos trabalhadores e a coragem dos governantes – que recusaram pagar 70% de uma dívida em boa parte ilegítima –, foi possível atenuar o sofrimento do povo, sujeito a sacrifícios sem fim e a uma austeridade que, lá como cá, sufocava.

Roberto Baradel, numa intervenção emotiva, dirigiu aos participantes "um forte abraço dos professores e dos outros trabalhadores da Argentina" e sintetizou assim as consequências das políticas impostas pelo FMI no seu país: 30 por cento de desemprego, 60 por cento de pobreza, destruição do Estado...

O dirigente sindical argentino garantiu que "não estamos sós" nesta luta decisiva pelo futuro e terminou com um vibrante "Venceremos!"

Arménio Carlos denunciou as políticas que apostam no empobrecimento, desmontou o calunioso "relatório" do FMI/Governo, realçou a importância estratégica das funções sociais do Estado, relacionando-as com o desenvolvimento do país e o bem estar dos cidadãos ("aqui não há portugueses de primeira e de segunda...") e apelou ao empenhamento na ação sindical nos dias que vivemos, destacando as concentrações e manifestações gerais que ocorrerão em 16 de fevereiro, nas capitais de distrito, convocadas pela Central unitária.

O Secretário Geral da CGTP-IN referiu-se ainda à situação dos professores portugueses ("são dos que trabalham mais e recebem menos na UE") e salientou o significado da luta em defesa da escola pública, democrática e de qualidade para todos.

Responder com a luta

Na sua intervenção, o Secretário Geral da FENPROF, Mário Nogueira, abordou  a atual situação no país, essencialmente na área da Educação, e divulgou as formas de ação e de luta que a Federação propõe aos docentes portugueses, no sentido de contribuírem para uma mudança profunda das políticas educativas. 

"Ao ataque antidemocrático que o governo move, responderemos, com luta, mas sempre no respeito pelas regras da Democracia. Afirmamo-nos, assim, diferentes de quem é agressor", sublinhou Mário Nogueira.

"À violenta ofensiva contra quem trabalha, contra os serviços públicos e contra a Democracia", acrescentou o dirigente sindical, "responderemos com dureza, mas não com violência, pois essa é própria dos fracos. Também nisso nos queremos distinguir dos governantes".

"Ao desrespeito do governo pela escola, pelos professores, pelos estudantes, pelas famílias, responderemos estando sempre do lado de quantos respeitam e promovem os elevados interesses da Educação e do país", afirmou. Noutra passagem observou:

"Este protesto é, simultaneamente, um grito de revolta e um abanão na resignação. Tínhamos de o fazer face ao que está a acontecer ao nosso país: entre muitas outras ações extremamente perigosas, estão a tentar demolir o edifício democrático que é a Escola Pública, com um fortíssimo ataque desferido também contra os Professores, ou não fossem estes pilar fundamental dessa escola democrática".

Semana de Luto nas Escolas

Os docentes presentes nesta manifestação, não obstante dirigirem-se ao atual governo como interlocutor inevitável para as suas exigências e reivindicações, consideram que ele se constitui, hoje e para além de qualquer dúvida, como um obstáculo à resolução dos problemas do país e, em particular, da Educação e da Escola Pública. Por isto, reafirmam a sua determinação em lutar por outro governo e outra política, destaca a resolução aprovada, que propõe  ainda a realização de uma Semana de Luto nas Escolas, contra as políticas educativas e as medidas anunciadas, iniciativa a realizar na semana de 18 a 22 de fevereiro próximo. / JPO