Nacional
A PROPÓSITO DO ÚLTIMO DEBATE PARLAMENTAR SOBRE EDUCAÇÃO

“Reles e ordinária”

27 de fevereiro, 2017

Para o presidente do PSD, foi reles e ordinária a atitude do primeiro-ministro ao afirmar que o seu governo foi incapaz de impedir a fuga de milhões do nosso país para offshores, isto enquanto impunha despejos por incumprimento fiscal e também eram impostos um enorme aumento de impostos, cortes salariais e o congelamento das carreiras da Administração Pública.

Facilmente imaginamos a cena que teria feito o PSD se aquelas palavras se dirigissem a um dos seus, estando ainda fresca na nossa memória a confusão que os deputados do PSD armaram quando sobre um deles, no calor do debate político, foi sugerido o diagnóstico de disfuncionalidade cognitiva temporária.

Pode também imaginar-se a reação daquele partido se, aproveitando o tema dos paraísos fiscais e da falta de controlo na saída de milhões para offshores, se recuperassem episódios como os dos swap das empresas de transportes, da alteração do orçamento da Estradas de Portugal ou, até, ainda que de outro domínio, a confusão armada pelo ministro Nuno Crato que, num dia, garantia não haver qualquer problema com a colocação de professores, acusando a FENPROF de os inventar, e, no seguinte, se viu obrigado a pedir desculpa pelos problemas criados…

Volto, contudo, ao “reles e ordinária”, adjetivação que, decerto, não chocará quem à mesma recorre, para me referir ao debate sobre Educação que teve lugar na reunião plenária n.º 56 da Assembleia da República, realizada na passada sexta-feira, 24 de fevereiro, podendo ser vista em:

 http://www.canal.parlamento.pt/?cid=1709&title=reuniao-plenaria-n-56.

Não se pode dizer que, nesta sessão, tenha havido um grande debate sobre o estado da Educação ou tenham surgido grandes novidades, mas nela destacou-se negativamente a atitude dos deputados do PSD, em particular de Amadeu Albergaria, Emídio Guerreiro e Pedro Alves. Como se confirma pela visualização do vídeo, este foi um debate em que o PSD, em matéria de Educação, voltou a ser igual a si mesmo: um desastre, gastando o tempo com insinuações e impropérios, sem uma única ideia, sem alternativas e, principalmente aqueles três deputados, revelando níveis de intolerância e irritação acima do recomendado.

Desenvolvendo um discurso de curto alcance temporal, que deixou de fora o período laranja, aqueles deputados exibiram uma postura grosseira e mal educada que nos permite imaginar o que diria o presidente do PSD, caso ainda fosse governo e aquele tivesse sido o comportamento de deputados de outros partidos. Provavelmente, acusá-los-ia de terem uma atitude reles e ordinária… Quem somos nós para o contrariar.

Mário Nogueira