Nacional

O respeito pelo trabalho jornalístico não torna admissível a mentira

20 de junho, 2016

O Público é um jornal que, no que concerne ao debate em curso sobre a Escola Pública e os contratos de associação com privados, não tem sido neutro. Sobre isso, contudo, a FENPROF não manifesta qualquer posição, respeitando a opção editorial que se mantém coerente a posições anteriores. Não surpreende, por isso, que use dois pesos e duas medidas quando se refere, no mesmo artigo, a duas manifestações: a da Escola Pública, pondo em causa a informação divulgada pelos promotores; a dos colégios privados, dando como certa a informação dos promotores.

Não colocando em causa a opção editorial do Público nesta matéria que, apesar de tendenciosa, é a sua opção, o mesmo não poderá ser dito em relação a mentiras que divulgou, pois, sendo mentiras, já entram no domínio do inaceitável e ferem a democracia. Ainda que depois tivesse sido corrigido, o certo é que durante várias horas divulgou, sem confirmar, que alguns líderes partidários tinham subido ao palco. Como pôde alguém ter escrito isso? Quem inventou tal “facto”? Estaria a jornalista no local e tido alguma ilusão ótica, ou, simplesmente, não esteve e recebeu algum telefonema com informação falsa que tomou como correta? Curiosamente, de presenças representativas dos partidos políticos, quem esteve mais próximo dos palcos, tanto no Marquês de Pombal, como no Rossio, ainda que por razões absolutamente fortuitas, foram dirigentes e deputados do grupo parlamentar do PS, entre outros, a sua Secretária-Geral Adjunta e o seu coordenador para a área da Educação. Foram presenças importantes, que os organizadores saudaram, tal como saudaram a presença de dirigentes de outros partidos, designadamente de BE, PCP, PEV, MAS ou PURP, para além de vários militantes do PSD. Ao palco, para além de quem usou da palavra (Mário Nogueira, Diogo Mendes, Helena Roseta, Ana Sesudo, Isidoro Roque, Ana Benavente e Arménio Carlos), apenas subiram alguns jornalistas para recolha de imagens.

Quanto a números, o estranho é o/a informador/a do jornal Público ter indicado números como os que chegou a divulgar: duas mil pessoas. Um número inferior a quantos viajaram só nos comboios que partiram do norte. Provavelmente, esse número terá sido recolhido antes da hora prevista para que se iniciasse a concentração e em que a esmagadora maioria dos manifestantes ainda almoçava e outros se resguardavam nas sombras. Tivesse a informação sido divulgada  durante a manhã e havia o risco de ter sido dito, por ser verdade, que a Praça se encontrava vazia de manifestantes. Não chegou a tanto o Público, mas quanto aos alegados quinze mil, esse é um número inferior aos que se deslocaram em transportes organizados pelas entidades promotoras. Como facilmente se constatava, a grande maioria dos presentes eram oriundos de Lisboa e concelhos limítrofes, tendo-se deslocado de modo próprio. Os manifestantes, de forma muito homogénea, encheram toda a Avenida da Liberdade, tendo os últimos saído do Marquês de Pombal quando os primeiros já chegavam ao Rossio, num desfile que durou cerca de duas horas e meia.

Refere a notícia do Público que o número que divulgou lhe terá sido fornecido pela força policial presente. Ora, também a organização da Marcha tentou obter o número calculado pela PSP, tendo-se dirigido ao chefe do destacamento policial presente, tendo este informado que, por decisão superior, não divulgavam números. O estranho é que, segundo o Público, àquele jornal terá sido dada essa informação. Procurando apurar a verdade, a FENPROF já dirigiu um ofício ao comando da PSP de Lisboa para saber se foi ou não prestada qualquer informação à comunicação social em geral e, em particular, ao jornal Público. A FENPROF também já apresentou um protesto junto da direção do Público pela forma como tratou a Marcha em defesa da Escola Pública: antes, silenciando a iniciativa; durante e depois, não conseguindo disfarçar a irritação pelo êxito da mesma, o que teve expressão nas abordagens que fez.

Quanto aos números reais, todos os que lá estiveram perceberam a dimensão da Marcha. Os que não estiveram, puderam avaliar pelas fotografias e imagens televisivas o número de quantos, no passado dia 18 de junho, se manifestaram publicamente em defesa da Escola Pública. A FENPROF reitera a informação que, a esse propósito, divulgou no final da Marcha.

O Secretariado Nacional da FENPROF
20/06/2016