Gestão Democrática das Escolas
Tem a palavra...

Licínio Lima (Universidade do Minho)

12 de março, 2016

 

  • "Pesquisas realizadas ao longo das últimas três décadas no contexto das escolas portuguesas, permitiram o estabelecimento de uma forte associação teórica entre gestão democrática e eleição, colegialidade, participação na decisão. Trata-se de três dimensões consideradas cruciais, certamente associadas a outras também relevantes mas, em todo o caso, dependentes daquelas ou a elas subordinadas".
     
  • "A direção das escola está fora da escola. O diretor não dirige, verdadeiramente, a escola/agrupamento." 
  • "Os serviços centrais do Ministério da Educação são como braços de um polvo com a cabeça em Lisboa. O Ministério trata as escolas como repartições, são extensões do Ministério..."
     
  • "É necessária mais investigação sobre a gestão das escolas"

  • "O diretor tem mais contactos com os serviços centrais do Ministério do que com os órgãos da escola/agrupamento..." 
     
  • "O  diretor tem limitados poderes, é um encarregado geral do Ministério; não tem automomia para decidir, está entre a espada e a parede..."
     
  • "A constituição de uma turma não é aprovada na escola, mas na plataforma eletrónica do Ministério!"
     
  • "O poder de decidir, participando democraticamente e com os outros nos respetivos processos de tomada das decisões, representa o âmago da democracia e, consequentemente, sem participação na decisão não é possível conceber uma gestão democrática das escolas na perspectiva do seu autogoverno. É mesmo essa dimensão político-participativa decisória que confere sentido e substância às dimensões de eleição e de colegialidade democráticas."
     
  • "A centralização da educação, seja de tipo concentrado ou desconcentrado, revela-se em contradição profunda com as possibilidades de uma gestão democrática das escolas: escolas, ao invés, governadas e fortemente administradas, nas quais os discursos de autonomia tendem a assumir uma condição retórica ante a manutenção da centralização, ou mesmo perante a recentralização dos poderes educativos."
     
  • "Eleição, colegialidade e participação na decisão surgem, agora, amplamente desvalorizadas enquanto dimensões básicas da gestão democrática das escolas."
     
  • "Hoje, o Conselho Pedagógico é, basicamente, uma assessoria do Diretor"
     
  • "A autonomia das escolas está cercada por um conjunto de instrumentos invisíveis... (referência às plataformas eletrónicas)"
     
  • "O crescente elogio da liderança unipessoal das escolas (...) revela a desvalorização dos processos eleitorais e da natureza colegial dos órgãos de direção e gestão. Mas revela, sobretudo, como a maioria dos atuais discursos políticos em torno da descentralização e da autonomia se inscrevem fora de uma concepção democrática de governo das escolas, afastando a participação dos atores socioeducativos dos processos políticos de tomada das decisões."
     
  • "A ascensão de uma pós-democracia nas escolas públicas (...) concede primazia ao mundo empresarial – que é tomado como modelo a seguir -, aos clientes e consumidores, aos consultores e aos lobistas, perante uma representação de passividade e de não participação por parte dos atores escolares, uma fraca qualidade democrática da vida escolar, um desinvestimento em políticas igualitárias e redistributivas, uma incapacidade deliberada para limitar os interesses dos atores sociais mais poderosos, uma diabolização dos sindicatos, uma desvalorização, sem precedentes, do pensamento pedagógico, da pesquisa educacional e dos saberes profissionais dos professores."

     
  • "A opção pela colegialidade dos órgãos é considerada mais próxima de concepções democráticas de pendor participativo, afastando-se de modalidades unipessoais, hoje fortemente conotadas com o exercício da liderança por parte de um executivo eficaz e, também, das alternativas mais típicas da burocracia monocrática exercida por funcionários profissionais sob a direção de um só chefe".

            Seleção e tratamento: JPO