Desde os tempos da I República passaram por São Bento ilustres oradores, dotados de enorme criatividade. Essa capacidade, esse dom da palavra, esse instinto de oratória, seja pelos caminhos da síntese, das imagens literárias ou da objectividade política, seja ainda pelo sentido crítico mais acutilante, não é para todos e, infelizmente, a Assembleia da República não pode gabar-se de ter acolhido nas últimas legislaturas muitos parlamentares com essas potencialidades.
No debate de interpelação do PCP ao Governo sobre Educação, realizado no dia 18 de Março (terça-feira), registou-se um desses momentos de acutilância parlamentar.
Face ao marasmo das intervenções da Ministra e ao sucessivo recurso à cassette riscada do ME, o deputado José Paulo Carvalho fez as contas e disparou: das nove perguntas feitas pela sua bancada "apenas três foram respondidas" por Lurdes Rodrigues!...
O deputado do CDS/PP tem razão e só é pena que não tenha questionado o Governo e o hemiciclo sobre o futuro da Ministra caso esta tivesse de ser avaliada pela forma como (não) responde às perguntas colocadas pelos representantes da Nação na casa-mãe da Democracia portuguesa.
Acabaria, certamente, por força da lei da mobilidade especial, a vender senhas aos turistas no Museu Nacional dos Coches. / JPO