Várias medidas tomadas pelo Ministério da Educação - que mereceram o aplauso de todo o Governo - contribuíram para este descalabro: o aumento (irracional) da carga lectiva dos professores do ensino secundário e do ensino especial, a manutenção de turmas com 28 ou mais alunos, o não desdobramento de turmas em disciplinas em que tal se impõe, a recusa irracional de destacamentos para funções técnico-pedagógicas, de que o caso mais absurdo é o desperdício do saber acumulado durante muitos anos pelos orientadores vocacionais, obrigados a regressar ao ensino de disciplinas de que estão há muito afastados.
Acrescente-se a isto a supressão de reduções de horário para o exercício de cargos nas escolas. Se a todas estas razões somarmos as consequências do aumento da idade para a aposentação, fazendo com que se mantenham no serviço activo docentes cujas condições para o seu exercício não são já as melhores, teremos a explicação para o despedimento colectivo que o ME acaba de levar a cabo.
Não terá a ministra razão quando invoca a diminuição do número de alunos? Tem. Contudo, é o próprio ME que festeja - e bem - o regresso à escola, através das "Novas Oportunidades", de alunos que a tinham abandonado. E uma política séria de combate ao insucesso e abandono escolares permitiria aumentar o número de alunos no sistema. Fosse esse o real objectivo desta equipa ministerial...
António Avelãs
Presidente do SPGL
Membro do SN da FENPROF