Pelo sétimo ano consecutivo, foram divulgadas, pela comunicação social, listas ordenadas de escolas, baseadas nas classificações dos alunos nos exames nacionais.
Defendendo uma avaliação séria do sistema educativo e das escolas, a FENPROF reafirma que os rankings nunca poderão cumprir este objectivo, porque são elaborados a partir de um único indicador, sem ter em conta o contexto em que as escolas se inserem, os recursos de que dispõem, os processos que desenvolvem e os resultados que obtêm nas várias vertentes do seu trabalho.
Não é possível avaliar uma escola tendo apenas em conta os resultados dos alunos em exames, não é legítimo comparar escolas cujas realidades educativas são diferentes, não se consegue a melhoria das "piores" escolas expondo publicamente o seu alegado insucesso.
A facilidade com que as escolas são catalogadas de "boas" e "más", "melhores" e "piores", em função da posição relativa que ocupam no ranking não representa apenas uma atitude irresponsável e desrespeitadora do trabalho das escolas e dos professores. É, também, objectivamente, uma forma de promover o ensino privado e de favorecer o mercado na educação, criando a ilusão de que, em igualdade de circunstâncias, as escolas privadas trabalham mais e obtêm melhores resultados do que as públicas.
Numa democracia, as escolas de referência não podem ser as escolas privadas destinadas a uma minoria do universo dos alunos. Não estando em causa a existência do ensino privado, que está constitucionalmente enquadrado, a concretização do direito à educação passa pela construção de uma escola pública de qualidade ? uma escola que garanta equidade e onde a diversidade (de género, de cultura, de meio socio-económico, de anseios e capacidades) não é constrangimento, mas um importante factor de enriquecimento.
Face ao crescente descrédito dos rankings como forma de avaliação do trabalho das escolas e ao reconhecimento, cada vez mais generalizado, de que a desejada melhoria das respostas e resultados educativos não passa pela sua elaboração, a FENPROF reitera a sua exigência de que, tal como noutros países, se abandone definitivamente esta lógica perversa de comparação descontextualizada de escolas e se opte por uma rigorosa avaliação do seu trabalho, em todas as suas componentes, criando as condições para a superação das dificuldades e para a potenciação do bom trabalho que é, já hoje, realizado por muitas escolas. Pese embora o seu lugar no ranking?
O Secretariado Nacional da FENPROF
25/10/2007