Nacional
FENPROF: "Não é legítimo comparar escolas cujas realidades educativas são diferentes"

Rankings de escolas: redutores, injustos e perversos

25 de outubro, 2007

Pelo sétimo ano consecutivo, foram divulgadas, pela comunicação social, listas ordenadas de escolas, baseadas nas classificações dos alunos nos exames nacionais.

Defendendo uma avaliação séria do sistema educativo e das escolas, a FENPROF reafirma que os rankings nunca poderão cumprir este objectivo, porque são elaborados a partir de um único indicador, sem ter em conta o contexto em que as escolas se inserem, os recursos de que dispõem, os processos que desenvolvem e os resultados que obtêm nas várias vertentes do seu trabalho.

Não é possível avaliar uma escola tendo apenas em conta os resultados dos alunos em exames, não é legítimo comparar escolas cujas realidades educativas são diferentes, não se consegue a melhoria das "piores" escolas expondo publicamente o seu alegado insucesso.

A facilidade com que as escolas são catalogadas de "boas" e "más", "melhores" e "piores", em função da posição relativa que ocupam no ranking não representa apenas uma atitude irresponsável e desrespeitadora do trabalho das escolas e dos professores. É, também, objectivamente, uma forma de promover o ensino privado e de favorecer o mercado na educação, criando a ilusão de que, em igualdade de circunstâncias, as escolas privadas trabalham mais e obtêm melhores resultados do que as públicas.

Numa democracia, as escolas de referência não podem ser as escolas privadas destinadas a uma minoria do universo dos alunos. Não estando em causa a existência do ensino privado, que está constitucionalmente enquadrado, a concretização do direito à educação passa pela construção de uma escola pública de qualidade ? uma escola que garanta equidade e onde a diversidade (de género, de cultura, de meio socio-económico, de anseios e capacidades) não é constrangimento, mas um importante factor de enriquecimento.

Face ao crescente descrédito dos rankings como forma de avaliação do trabalho das escolas e ao reconhecimento, cada vez mais generalizado, de que a desejada melhoria das respostas e resultados educativos não passa pela sua elaboração, a FENPROF reitera a sua exigência de que, tal como noutros países, se abandone definitivamente esta lógica perversa de comparação descontextualizada de escolas e se opte por uma rigorosa avaliação do seu trabalho, em todas as suas componentes, criando as condições para a superação das dificuldades e para a potenciação do bom trabalho que é, já hoje, realizado por muitas escolas. Pese embora o seu lugar no ranking?

O Secretariado Nacional da FENPROF
25/10/2007