Nacional Carreira Docente
Declaração divulgada na Conferência de Imprensa da FENPROF de 1 de Junho de 2006

Da Educação e do Ensino: oportunas interrogações

21 de junho, 2006

As ofensivas declarações da Ministra da Educação contra os professores portugueses e a proposta do ME para destruição do Estatuto da Carreira Docente foram temas em foco na conferência de Imprensa que a FENPROF realizou na tarde de 1 de Junho, num intervalo do seu Secretariado Nacional. Além de Paulo Sucena, secretário-geral, constituíram a Mesa deste encontro com a Comunicação Social os dirigentes António Avelãs (SPGL), Abel Macedo (SPN), Mário Nogueira (SPRC), José Filipe Estevéns (SPZS), Marília Azevedo (SPM) e Nuno  Maciel (SPRA). Foi divulgada a seguinte declaração:

Um jornal diário, na sua edição de 30 de Maio, ao relatar a sessão de abertura do Debate Nacional sobre Educação, realizado no dia 29/5, na Maia, afirmava que "Ministra culpa professores pelo insucesso escolar". Adiante, acrescentava: "Titular da pasta da Educação renova as críticas ao trabalho dos profissionais 'que não se encontra ao serviço das aprendizagens' ".

Num outro parágrafo, o jornalista confessa que "poucos esperariam que a ministra abrisse um ciclo de debates, que visa repensar o sistema educativo, com um ataque tão forte e directo aos professores e à organização das escolas". Lembra, em seguida, que a ministra "já o tinha feito, no início do mês, em Oliveira de Azeméis", e conclui "ontem, porém, foi mais longe, e foi sem rodeios que Maria de Lurdes Rodrigues justificou a pouca qualificação dos jovens com um trabalho - quer das escolas, quer dos professores - que 'não se encontra ao serviço dos resultados e das aprendizagens' ".

Se a este relato juntarmos as inúmeras análises e avaliações, produzidas por dezenas e dezenas de cidadãos e cidadãs deste país, profundamente negativas do trabalho, dos métodos, dos objectivos e da linguagem da ministra da Educação e a sua compulsiva e permanentemente manifestada aversão relativamente à classe docente, não é possível deixar de perguntar:

- Pretende a Ministra salvar a educação com o bárbaro "assassínio" profissional de mais de 145 mil docentes?

- É possível mobilizar e galvanizar alguém, insultando-o e caluniando-o quotidianamente?

- Pode haver esperança de melhorar a escola portuguesa, com uma ministra da Educação a esbravejar, absurda e pateticamente, contra os professores que nela trabalham?

- Será sensato manter no Governo uma equipa ministerial que, desde a tomada de posse até hoje, não produziu o que quer que fosse cuja qualidade e resultados práticos fossem aplaudidos, mesmo que tão-só por uma pequena minoria qualificada?

- Há alguém que ainda tenha a coragem de dizer que avista lá ao longe o bruxulear de uma pequenina luz de esperança a iluminar o trabalho desta ministra da Educação?

- Algum português conhece um país no mundo onde a Educação e o Ensino se desenvolvessem à custa de uma doentia cruzada contra os professores?

Se a maioria que elegeu este Governo não for capaz de responder positivamente a esta meia dúzia de perguntas, a que se poderia acrescentar muitas mais, o que espera o Eng. Sócrates para libertar as escolas, os docentes, o país, deste pesadelo absurdo, doloroso e corrosivo que, inusitadamente, vem minando os frágeis alicerces de um sector da vida nacional que há dezenas de anos aguarda que uma mão sensata e sábia o conduza por caminhos que façam do presente uma esperança do futuro?

Chega de humilhação!

Os professores e educadores estão fartos dos descontrolados impulsos persecutórios da ministra da Educação e Portugal não suporta mais o seu olhar de medusa. Que venha essa mão fraterna, sábia e exigente, rigorosa e justa, dinâmica e ponderada, e todos os docentes deontologicamente sérios e profissionalmente empenhados a apertarão calorosamente, num inequívoco sinal de que esta verdade comezinha é incontornável - o progresso educacional de um país só se promove com a colaboração empenhada e qualificada dos professores e não contra eles. E muito menos humilhando-os profissionalmente e ofendendo-os humanamente.

O País percebeu que a ministra da Educação já não tem condições para alijar responsabilidades ou apresentar justificações credíveis após a apresentação da sua proposta de Estatuto de Carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário que está a ser alvo de uma esmagadora rejeição da classe docente. É o momento oportuno para o 1º Ministro afastar do edifício da 5 de Outubro a actual equipa ministerial, porque a Educação anda nele à deriva.

Acções

Além da jornada de 14 de Junho, irão decorrer reuniões entre representantes dos Sindicatos da FENPROF e membros de Associações de Estudantes de instituições que formam professores, além de plenários com a participação de professores e membros de conselhos executivos. As moções aprovadas nesses plenários serão entregues nos Governos Civis.
Está ainda prevista a divulgação de um abaixo-assinado de âmbito nacional, de uma Carta aos Pais e Encarregados de Educação e de uma posição da FENPROF que chegará às escolas nos momentos das reuniões finais de avaliação.