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Abaixo-assinado será enviado a Mariano Gago. O reitor do estabelecimento, Jorge Araújo, associou-se à iniciativa.

Professores e funcionários protestam contra "asfixia financeira" da Universidade de Évora

26 de fevereiro, 2008
Cerca de 200 professores e funcionários da Universidade de Évora concentraram-se (26/02/2008) durante meia hora, nos claustros da academia, em protesto contra a "asfixia financeira" da instituição. O reitor do estabelecimento, Jorge Araújo, associou-se à iniciativa.

A concentração, que decorreu ao início da tarde e foi convocada de forma informal, pretendeu demonstrar o desacordo de professores e funcionários da universidade alentejana perante a "política de estrangulamento" financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).

"O que nos move está aqui escrito", afirmou Augusto Fitas, docente do Departamento de Física, num discurso improvisado, aludindo a um abaixo-assinado de protesto que foi assinado pelos participantes na iniciativa, devendo agora circular alguns dias pela universidade, antes de ser enviado ao ministro da tutela, Mariano Gago.

Os subscritores defendem a viabilização de um contrato-programa para as actividades de docência e de investigação da universidade, que permita "reequilibrar financeiramente a instituição e fomente o seu desenvolvimento". Os manifestantes consideram que, "em alternativa às medidas de restrição e corte orçamentais avançadas pelo ministério, é necessário um plano de reinvestimento e reorganização das estruturas do ensino superior", quer universidades, quer politécnicos.

Segundo Augusto Fitas, um dos professores que esteve concentrado durante cerca de meia hora no espaço do Claustro Principal do Colégio do Espírito Santo, assiste-se a uma "política de asfixiamento" da Universidade de Évora (UE). Só com um "reinvestimento" nas estruturas de ensino superior, defendeu, se poderá "combater o abandono progressivo a que o Poder Central tem votado o interior do país".

Pelo contrário, frisou, as medidas de saneamento financeiro podem, "a curto prazo, amputar a universidade de algumas valências importantes para a sua reorganização e reequilíbrio", pelo que o futuro da UE "pode estar em causa". "Ao longo de 30 anos, a UE conseguiu capitalizar conhecimento e pessoas com capacidade para o ensino e investigação que, provavelmente, a partir de agora, vêm os meios coarctados para continuarem", assegurou, denunciando que as verbas do MCTES para os centros de investigação também "deviam ter vindo há um ano e ainda não chegaram".

O próprio reitor da UE, Jorge Araújo, presenciou e associou-se ao protesto, afirmando-se "solidário com todos os funcionários" da instituição "nas suas justas reivindicações".

"Não conhecemos as medidas que o Governo irá tomar, pelo que há uma grande incerteza no futuro e isso inquieta as pessoas", afirmou o reitor aos jornalistas, aludindo ao contrato de saneamento financeiro assinado com o Governo, no âmbito do qual a UE está a elaborar um conjunto de propostas, a ser submetido ao senado na próxima semana e enviado depois para o MCTES.

Segundo Jorge Araújo, que já admitiu que vão ser suspensos três cursos e não serão renovados os contratos, que chegam a termo, de cerca de duas dezenas de professores convidados, face à necessidade de reduzir as despesas, o seu próprio lugar pode estar em causa. "Se o contrato que me for proposto [pelo MCTES) não respeitar o que considero ser o fundamental da UE, colocarei o meu lugar à disposição", disse.

26.02.2008
Lusa